CPIs investigam ou instigam?

CPIs investigam ou instigam?

Quando fazíamos o Debate Farol, não foram poucas as razões que o tornaram alvo de retaliações dos poderosos de ocasião. E exatamente esse é o preço que se paga quando se diz, publicamente, o que muitos falam nos corredores da prefeitura, nos elevadores comerciais e pontos der ônibus. Diversas vezes, quando discutíamos as relações entre poderes, em Limeira, chegamos a classificar a Câmara como um “puxadinho” do Edifício Prada, tal a complacência dos nobres parlamentares em fiscalizar atos do Executivo. Se isso não chega ser promíscuo, também não pode ser classificado como uma relação republicana, porque prefeitos são imperfeitos como imperfeita é a máquina pública, e ambos devem ser submetidos à fiscalização contínua. O tempo passou, nosso “Debate” aguarda nova temporada, mas as relações não mudam, ou alguém duvida que nenhuma das duas CPIs em curso poderá trazer algum resultado danoso? A primeira, vejam só, pretende investigar as interrupções do fornecimento de energia, mais especificamente de como a prefeitura cobra a concessionária. Para efeitos comparativos, é o que o prefeito der São Paulo tem feito desta a última sexta-feira, sem sucesso. A segunda CPI também mira serviços concedidos, no caso, para a BRK, uma companhia que até tempos atrás apresentava níveis de satisfação popular altíssimos. Cabe a pergunta: são questões que merecem a abertura de uma comissão parlamentar para que sejam respondidas ou uma simples investigação do Ministério Público daria conta do recado? Porque as conclusões destas duas iniciativas são previsíveis e enquanto estiverem sendo divulgadas, as reuniões resistirão à obviedade de seus respectivos desfechos. Segue o “puxadinho”, de mútua conveniência.

Ilustração: Freepik

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