Cidade dos improvisos
EDITORIAL
Muitos limeirenses ainda se lembram que as sessões da Câmara Municipal de Limeira ocorriam, em um momento de sua história, na antiga casa onde residia a D. Theresinha de Barros Camargo, uma das mulheres mais influentes da cidade durante a primeira metade do século passado. Também devem se lembrar que, nas escadarias do prédio, foi alvejado e morto a tiros o vereador “Mirandinha”, um dos maiores entusiastas locais das Folias de Momo. Quem é desse tempo também se lembra de como a Câmara chegou até o seu atual espaço, anteriormente ocupado por uma unidade da antiga Cesp. Depois de alguma polêmica, a nova Casa de Leis chagou até seu atual reduto, no Jardim Piratininga, e precisou passar por inúmeras adaptações. Afinal de contas, onde os vereadores estacionam seus carros nos dias de hoje ficavam enfileirados os veículos de manutenção da companhia elétrica, que teve por muitos anos, como gerente, o saudoso Antonio Carlos Vollet. Depois de mais de três décadas, novas adaptações estão em curso, e assim é que as coisas funcionam em Limeira: na base das improvisações. Também no passado isso era comum. Os ex-prefeitos Paulo D’Andrea e Jurandyr Paixão competiam para saber quem destruía mais o projeto do outro. O caso mais impactante de desperdício de dinheiro público foi causado pelo primeiro, quando, no final de seu terceiro e mais desastroso mandato, resolveu construir o Paço Municipal onde era a antiga Estação de Sericicultura. Com os poucos meses que lhe restavam, D’Andrea mal conseguiu entregar as fundações da obra, que sequer comportaria uma secretaria de governo, quanto mais uma prefeitura e seus diversos setores. Felizmente essa obra foi concluída, depois de muitos anos, se transformando em setor educacional além de comportar um modesto teatro. O destino do Paço voltou à improvisação quando o então prefeito José Carlos Pejon negociou com a família Prada a utilização da antiga fábrica, local que até hoje, passados vinte anos, segue em obras. A culpa de todas essas idas e vindas é dos próprios limeirenses, que sempre se resignaram diante de mudanças de rota repentinas. E, também, por não ouvirem e lerem as críticas e observações feitas pela mídia local quando essa possuía força e credibilidade. O tempo passou, a Câmara passa por novas reformas, e a cidade continua à espera de um desenvolvimento sempre distante. Cada um, cada um, como dizem.
Roberto Lucato
Foto: Arquivo Prefeitura de Limeira