Chuvas, trovoadas e incompetência
EDITORIAL
Interessante observar, à distância, o caos que invadiu a vida de um milhão e meio de paulistanos desde o último sábado, quando a capital foi atingida por fortes chuvas e rajadas de ventos. Mas antes de qualquer análise, é preciso nos transportarmos para o lugar dos cidadãos: dá para imaginar ouvir de uma companhia de fornecimento de energia que “não há previsão para o retorno”? Isso é cruel. Esse evento, vale dizer, ocorreu poucos dias depois da passagem do furacão Milton pela Flórida, quando a população seguiu rigorosamente as orientações dos governantes e, desta forma, contribuiu para que muitas vidas fossem poupadas. E aqui o primeiro “mandamento”: quando se sabe o que pode acontecer, previna-se. Honestamente não me considero um fatalista climático, porém, por pura observação, nosso estado é rotineiramente atingido por tempestades entre os meses de setembro a fevereiro. Algumas mais severas, outras nem tanto, mas isso é um fato. Como São Paulo está no coração do estado, também é uma vítima potencial dessas ocorrências, e aparentemente a prefeitura não contribuiu, como deveria, para minimizar principal risco de apagões: a queda de galhos e árvores. E os relatos são alarmantes. Vários moradores tiveram que fazer vaquinhas para contratarem serviços de poda e remoção, algo que compete ao poder público, enquanto despejaram em sacos de lixo aquilo que estragou em suas geladeiras. Devido à proximidade da eleição, a questão foi municipalizada e federalizada, como se isso ajuda a pagar os prejuízos. Vale lembrar que o serviço de remoção de árvores e podas compete às prefeituras, e Limeira não está fora deste problema. Não há notícia, por exemplo, de um planejamento regular deste serviço, ou informações se há filas de espera quando ocorre uma solicitação. O governo atual, que graças aos céus está prestes a acabar, sempre omitiu esse e outros tantos dados da opinião pública, como fez com a emergência hídrica, decretada somente após as eleições. Ora, se dá para contar quantas vacinas foram aplicadas em determinados períodos, não dá para exigir, da empresa contratada para este fim, o número de podas e remoções que foram feitas em um mês? Porque, aliás, como é remunerado esse serviço? Por metro? Por dia? Por bairro? Ninguém sabe. A autocracia “botiônica” dá de ombros a todas as perguntas que continuarão sem respostas até o final de dezembro. Tomara que, daqui a dois anos, os eleitores se lembrem de como esse ditador tratou uma população que deveria servir, e não se servir dela.
Roberto Lucato
Ilustração: Freepik