Carros populares?
A intenção do governo em diminuir impostos para os chamados carros populares divide opiniões. Conforme anúncio do vice-presidente Geraldo Alckmin, veículos comprometidos com uma espécie de agenda verde e que custem até 120 mil Reais teriam uma redução tarifária da ordem de 10%, porém, durante apenas quatro meses. Ouvi vários lados sobre a questão. Um deles estranha porque, em regra, governos petistas não costumam abrir mão de qualquer tipo de arrecadação, e neste caso trata-se claramente de renúncia fiscal, ainda que passageira. O que explicaria, então, este interesse, se relaciona com a picanha. Sim, para se eleger, Lula fez uma lista de promessas para o “povo”, como incluí-lo no orçamento, baratear o preço da carne e outras tantas. Portanto, diminuir o valor dos carros “populares” teria o condão de melhorar o acesso dos “pobres” a este tipo de bem, o que já aconteceu no passado. Milhares de pessoas ainda demonstram gratidão a Lula porque, exatamente em seu primeiro governo, experimentaram o gosto de comprar um carro zero – em 42 prestações, como era comum à época. Mas a situação é outra. Primeiro, porque o ambiente econômico mundial é diferente comparado há quase vinte anos. Depois, porque a tal agenda verde, que faz parte da transição energética, encareceu o custo dos veículos, somando-se a este fato avanços tecnológicos e reflexos da pandemia, período no qual encareceram vários componentes. Finalmente, o fato objetivo é que, custem 70 ou 80 mil, os modelos de “saída”, como se caracterizam os carros básicos, são inacessíveis para a maior parte da população. Em resumo, é uma medida eleitoreira, que beneficiaria um setor do qual Lula sempre foi próximo – a indústria automobilística – e que não trará qualquer benefício à médio prazo, como não vemos, até hoje, no preço da… picanha.