Campeonato amador em crise

Campeonato amador em crise

Na Grande Área

TERMINAVA o distante ano de 2017 e uma nova final da Copa Gazeta me esperava. Porém, aquela havia sido uma competição estranha, cercada de episódios tristes, incluindo um assassinato. Não estava relacionado com a competição, mas a tensão que se abateu sobre jogadores e membros da organização foi grande. 

 

CONTEI essa história em detalhes, tempos atrás, mas o momento exige que seja reescrita. Na semana da decisão, que aconteceria no Limeirão, procurei a liderança de um dos finalistas. Ele me recebeu em sua casa, com muita cordialidade, garantindo que cuidaria de perto dos arruaceiros de sempre. 

 

ELE cumpriu o prometido. O mais bagunceiro de todos assistiu à final do alto das cativas, e não deixou de me ofender o jogo todo. Xingamentos entram por um ouvido e saem pelo outro, mas retirá-lo do bololô foi essencial para uma certa tranquilidade. 

 

AS TORCIDAS, mesmo assim, foram divididas. Passei o jogo inteiro entre observar a segurança e reforçar aquilo que estava pronto para dizer: “De minha parte, a Copa Gazeta se encerra definitivamente neste domingo”. 

 

CONCLUI, dizendo  pelo rádio, que enquanto os clubes não retomarem o controle de suas torcidas, afastando por sua conta e risco os maus elementos, não havia mais como manter a competição. Por que? Os organizadores são, no mínimo, corresponsáveis. 

 

O TEMPO passou, e a situação se agravou. Conversei demoradamente, ao longo da semana, com o patrocinador de uma equipe que disputa a primeira divisão. Um apaixonado pela causa. Seu depoimento foi assustador. Ele me atualizou sobre a paralisação do certame, a renúncia do presidente da Liga e das ameaças que muitos estão recebendo. 

 

MEU QUERIDO amigo Antonino A.T. Martins deve estar se virando. Quem diria que pudesse ouvir, um dia, a previsão que ele me deu: “sei não, acho que o amador vai acabar”. O clima atual, em resumo, é sombrio. A Prefeitura, por tantos anos cobrada para dar autonomia para os times, nada pode fazer. E a Liga, que parecia a solução de tudo, virou um problemão.  

 

NÃO VEJO outra solução que não passe pela intensificação do diálogo. De compromissos firmes, garantidos pela direção dos clubes que, repito, conhecem quem são os encrenqueiros. Portanto somente eles, os dirigentes, podem identificá-los e puni-los. Há mais de 30 anos o Santa Rosa, tradicionalíssimo, pegou um ano de suspensão da Copa porque seu treinador jogou um chinelo no árbitro, algo que hoje soaria infantil.  

 

PORTANTO, formalizar a diretoria, comprometida com a segurança da competição; estabelecer uma comissão disciplinar independente e forte; estreitar o relacionamento com a Guarda Municipal, criando protocolos de auxílio e, finalmente, banir os torcedores indisciplinados (algo que só os clubes podem fazer, insisto), são medidas que podem trazer mais alegria às manhãs de domingo a tantas pessoas do bem, infelizmente prejudicadas por uma minoria bagunceira. Esse tema dominou a coluna de hoje porque é relevante e exige providências sérias e urgentes. Ótimo final de semana, amigos.

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