Caiu? Ninguém viu
Durante a campanha eleitoral, quando todas as medidas tomadas pelo governo eram consideradas eleitoreiras pela mídia, o debate sobre o preço dos combustíveis ganhou contornos pontuais e inusitados. Um conhecido comentarista, mais atento à economia, certa vez disse textualmente que baixar o preço da gasolina privilegia “os mais ricos”, raciocínio que foi imediatamente aclamado por sua colega de programa – ele deu essa declaração em um noticiário de rádio. Sempre quando vou a São Paulo e me deparo com a marginal do Tietê congestionada, e depois, ao voltar, com um fluxo gigantesco na saída da rodovia dos Bandeirantes, penso baixinho: nação endinheirada, a nossa. A declaração do comentarista foi infeliz e claramente tendenciosa contra o presidente da ocasião porque, infelizmente, o uso de automóveis, cada vez maior, não se da porque o brasileiro tem paixão por eles. É porque os deslocamentos são inevitáveis, desde levar as crianças na escola até ir ao local de trabalho, e não me parece que somos “ricos”. Portanto, melhor seria classificar o a relação do preço dos combustíveis com a classe média, quase sempre esquecida pelos governantes. Prova recente foi o cavalo de pau dado pelas distribuidoras de combustíveis, que até o momento não repassaram a diminuição de preços aos postos. Quem abasteceu seu veículo neste final de semana não encontrou reduções e o pior deve acontecer na virada do mês, quando voltam a incidir alíquotas de ICMS, o que elevará o preço. Que ações o governo federal está tomando? Que livre mercado é esse? Por que a grande mídia faz de conta que está tudo bem? Solitária, a classe média segue esperando respostas.