Bala de diamante

Bala de diamante

EDITORIAL
Quando o Brasil sofreu o primeiro gol naquela decisão contra a França, na qual Ronaldo Fenômeno teve um piripaque antes do jogo, falei a mim mesmo: “agora esse time acorda”. Ledo engano. A seleção levou mais dois gols, perdeu por três a zero e até hoje ninguém sabe direito o que aconteceu de tão grave no vestiário. Nas campanhas eleitorais muitas vezes acontece algo semelhante. Quando um candidato demora para emplacar e os números das pesquisas seguem estacionados ou declinam, espera-se uma reação. O sinal amarelo se transforma em vermelho e os chamados marqueteiros buscam uma bala de prata. Algo que possa surpreender os eleitores a ponto alterar suas intenções a favor da candidatura claudicante. Presume-se que isso possa ter ocorrido em Limeira na última terça-feira, 24, mas vamos às preliminares. Sem saber o que estava acontecendo, ao tentar acesso para a rua Boa Morte ao lado da sede social do Nosso Clube, fiquei preso no anda e para em torno das 14:30h. Na calçada da Pista do Tiro de Guerra observei, perfiladas, algumas dezenas de pessoas trajando camisetas azuis, com bandeiras nas mãos. Ao olhar mais atentamente para a entrada do salão, identifiquei algumas figuras carimbadas da política local e não deu outra: tratava-se de uma reunião partidária. Mais à noite, pedi ajuda aos universitários para saber do que se tratava, no caso, para a minha esposa Márcia, que prontamente me encaminhou fotos da candidata Érika Tank recepcionando a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro. Desta forma, finalmente o deputado Miguel Lombardi prestou sua contribuição sendo que, certamente, fez a ponte para recepcionar a convidada ilustre. Ele ofereceu a bala de prata da campanha situacionista, melhor dizendo, um colar de diamantes. Resta agora saber o quanto esse evento pode melhorar a situação de Érika Tank, situada na terceira posição no quadro de intenções de voto nas pesquisas divulgadas até agora. Para aqueles que estavam no interior do salão, nada mudará, porque são apoiadores; para os cabos eleitorais, aqueles que empunhavam bandeirolas, talvez, porque nem sempre votam em quem lhes paga. Resta, portanto, saber como reagirão os frequentadores das mídias sociais, principalmente os indecisos: esses ficariam mais inclinados a decidir pela candidata do prefeito imperador pela indicação de Michele Bolsonaro? Isso é difícil saber ou medir, exceto por pesquisas, mas é provável que a candidata consiga mais um voto aqui e outro ali aparecendo ao lado dela, mas a tarefa da vice-prefeita e atual candidata continuará difícil. Na reta final, seus índices devem melhorar de maneira consistente a ponto de alcançar Murilo Félix, situado no segundo lugar, para chegar ao segundo turno, algo que a Dra. Mayra quase conseguiu no último pleito. Mas uma coisa parece certa: como não existe fiscalização eficaz para identificar quantos são e o quanto recebem os cabos eleitorais profissionais (aqueles com bandeiras e camisetas), é possível que o milagre da multiplicação dos pães ocorra depois de dois mil anos – neste caso, aumentando esse pessoal – para torná-la competitiva. O dinheiro, como sabemos, só não compra a saúde.

Roberto Lucato

Ilustração: Reprodução Instagram

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