Argentinos em alta
EDITORIAL
Os argentinos descobriram Balneário Camboriú bem antes do que a dupla Brenno e Matheus, donos do sucesso de verão “Vou descer pra BC”. Há mais de trinta anos centenas de “Hermanos” tomaram as praias tanto de Florianópolis como de BC por algumas razões. Inicialmente, porque não há praias na Argentina; o que existe é uma sensação, apenas, de volume d’água proporcionado pelo amarronzado Rio da Plata. Depois, porque a Argentina vivia, no final do século passado, uma espécie de calmaria econômica. Era barato viajar para o Brasil, especialmente pós-Plano Real. Porém, se muitos deles iam a passeio para Santa Catarina, outros tantos foram mais ambiciosos e chegaram ao Rio de Janeiro, especificamente nas praias de Búzios, Paraty e Ilha Grande. Na Rua das Pedras, por exemplo, na região dos lagos, muitos deles se tornaram pequenos empreendedores. Tal e qual o Brasil, o populismo também tornou pendular a economia de nossos vizinhos. Se o presidente Lula deixou uma bomba-relógio para sua sucessora, a ensacadora de ventos, Nestor Kirschner fez o mesmo para sua própria esposa. Lula foi preso por corrupção; Cristina, atualmente, cumpre prisão domiciliar pelo mesmo motivo e, junto de seus pares progressistas, entregou a Javier Milei um país destroçado. A lição de casa nestas situações é elementar e o presidente Argentino a colocou em prova; o resultado ocorreu mais rápido que o previsto. Ao contrário do que ocorria no passado, quando nossos reais eram poderosos na Rua Florida e nos restaurantes de Puerto Madero, hoje a realidade é outra. Ficou extremamente caro passear na Argentina e muito barato tomar sol no Leblon ou em Copacabana. E eles estão nos esnobando. Milei será recebido com toda a pompa e circunstância pelo governo Donald Trump a partir de hoje; não se pode dizer o mesmo de Lula. No comentário de amanhã, o desfecho dessa relação invertida, como um dia foi a picanha de José Antonio Encinas.
Roberto Lucato
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