Amor fraudado

Amor fraudado

Ponto Um

Durante a semana, registrei no Farol de Limeira – texto que pode ser recuperado neste portal, na seção “Editorial”-, um dos múltiplos ângulos pelos quais se pode avaliar o episódio que envolve Ana Hickmann e Alexandre Correa. Entre algumas argumentações, a coincidência de um descontrole financeiro que também atingiu outra celebridade, Luiza Brunet, que firmou um acordo de quase meio milhão de Reais com o Bradesco para quitar o seu cartão de crédito. Mais tarde, comentando este artigo com minha mulher, que acompanhou com muita atenção a entrevista concedida pela apresentadora à Record no último domingo, ela inclui observações importantes que me inspiraram a escrever essas linhas. Márcia me recordou que, durante seu longo depoimento, Ana garantiu que suas finanças ficavam quase totalmente sob a administração de seu marido, e que ficou surpresa ao conhecer dívidas vultosas. Não há números oficiais mas estima-se que a Ana Hickmann Serviços chegou a faturar, com suas franquias, algo em torno de 150 milhões em 2022, o que levanta a dúvida: o que explica a determinação da Justiça para o bloqueio de carros de luxo, a penhora em sua mansão e a cobrança de empréstimos milionários? A mais simples explicação e a mais cruel: ela entregou a quase ex-marido não apenas o seu coração, mas a administração de seus negócios. Ela errou? Foi negligente? Não há como julgar, mas o fato é que até algumas décadas as pessoas se casavam com a chamada “comunhão universal de bens”. E, por uma questão cultural, cabia ao marido não apenas o “sustento da casa”, mas a administração do patrimônio familiar. As leis são alteradas porque a sociedade evolui; exemplo: atualmente, pessoas com mais de 70 só podem optar pela separação obrigatória de bens. A “comunhão de bens”, faz tempo, passou a ser “parcial”, e dá para imaginar quantas mulheres foram, são e serão vítimas dos próprios companheiros. Quantos maridos não fizeram empréstimos fraudulentos para depois se separarem? Quantos não tentaram ocultar bens? Quanta coisa inesperada ou suja não acontece neste mundo, não é? A escola nos oferece conhecimento, mas a informação, uma arma não letal. Conhecendo casos como esse é possível evitá-los, mesmo que o amor, em várias situações, possa falar mais alto. É difícil imaginar que este sujeito, casado com uma mulher belíssima, bem sucedida e querida por milhões de fãs, não tenha encontrado motivos para ser-lhe leal. Sim, “ema, ema”, e só nos resta aprender com isso, na esperança que a sociedade evolua mais rapidamente.

Roberto Lucato

Ilustração: Freepik

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