Ambiente digital para profissionais é diferente

Ambiente digital para profissionais é diferente

EDITORIAL

Uma historinha sem muito destaque foi postada no portal G1 durante a semana. Resumidamente, tratava de uma mulher de meia idade que trabalhava como massoterapeuta. E, ao frequentar uma dessas repetitivas palestras sobre empreendedorismo, conheceu algumas pessoas e, entre elas, um sujeito que pretendia expandir negócios voltados à energia solar. Segundo a matéria, tratava-se de algo revolucionário e daí, a massoterapeuta se transformou em representante comercial e atualmente possui um faturamento da ordem de 150 mil Reais por mês. Parabéns! Histórias como essa são relativamente comuns, ainda que representem o sucesso de poucos brasileiros diante de uma população de pouco mais de 200 milhões. Porém, quando um jornalista se deparada com alguém com sucesso financeiro, é dever de ofício desconfiar. Principalmente em trajetórias não convencionais. Quem defende que os fins justificam os meios não se importa, mas em caso contrário as pontas soltas deixam um rastro de dúvidas. O que é cristalino, porém, é que nem todos possuem a chance de conhecer uma atividade lucrativa para saírem do buraco. E neste ponto, há uma enorme geração fora do mercado tradicional de trabalho sonhando em desenvolver atividades digitais. Desde o comércio de produtos, exposição de marcas, há infinitas chances na internet, algumas mais tentadoras e recentes – como exercer influência motivacional. Há pelo menos uma década, vale lembrar, a popularização de cursos coaching e mentorias se tornou esmagadora. Várias pessoas foram formadas por esses cursos e muitas delas tiveram sorte e competência para explorar essas ferramentas comportamentais, alguns com melhor desempenho como Pablo Marçal. E nessas eleições ele aparece como um fenômeno midiático, transtornando a vida de seus concorrentes e até mesmo dos jornalistas que cobrem as campanhas. Ele os incomoda pela irreverência, deboche e atitudes não usuais de um candidato. Vera Magalhães, em artigo publicado pelo Globo, escreveu: “ Marçal surpreendeu a todos ao entrar na disputa com o pé na porta, implodindo as regras de comportamento em debates e entrevistas, a lógica de alianças políticas e dependência de grandes tempos de propaganda no horário eleitoral de TV e rádio e até a importância de padrinhos como Lula ou Bolsonaro. Se sua escalada não for interrompida por eventos como o que deteve seu grupo na Serra da Mantiqueira, ele tem grandes chances de ir ao segundo turno na maior cidade do país ou, no limite, de repetir o feito de João Doria em 2016 e vencer já no primeiro turno”. Enquanto isso Marçal segue quebrando barreiras e estigmas, e não sairá desta campanha do mesmo tamanho que entrou.

Roberto Lucato

Ilustração: Freepik

Compartilhar esta postagem