Ainda existe a Turma do Funil?

Ainda existe a Turma do Funil?

 Ponto Um

Voltando do Recanto do Bego no último domingo, eu e a minha esposa passamos ao lado da antiga sede do Instituto Cultural Ítalo Brasileiro, na esquina das ruas Tiradentes e Barão de Campinas. Curiosa como sempre, ela me perguntou: – “Será que esse prédio ainda pertence ao clube? Faz anos que está fechado”. Aliás, anos mesmo!. Não tenho a menor ideia, respondi, enquanto me lembrava do Dr. João Batista Borelli, quando ele era uma espécie de conjunto cárdio respiratório do Ítalo, clube que mais tarde inaugurou uma belíssima sede no Jardim Montezuma. Com a aproximação do carnaval, os mais experientes ainda se lembram das matinês do Ítalo, com seus concursos de fantasias infantís, rivalizando no melhor dos sentidos com os clubes co-irmãos: Limeira Clube – o mais desejado e, na época, chique – e Nosso Clube, ainda na sede antiga. Tudo isso porque ainda no restaurante, falando sobre este assunto, perguntei ao amigo Lemão Bego sobre os tempos da escola de samba do Independente, e de seus personagens principais. Imediatamente ele parou de fazer as somas no caixa e, por alguns instantes, se projetou naquela época que não voltará jamais. Limeira, principalmente entre as décadas dos anos de 1960, 70 e até meados de 80, sempre ofereceu muita alegria neste período. Enquanto os desfiles de rua não duraram tanto – penso até o tempo suficiente para não saírem mais de nossas memórias -, os festejos de salão eram tradicionais, todos com ricas decorações e concorridas coberturas da imprensa. O Nosso Clube, já devidamente utilizando sua nova estrutura da Vila Paraíso, teve neste quesito, como coordenador, o Dr. Antonio Carlos Castro, dono de uma criatividade sem igual. Tempos bons, nos quais os maiores riscos eram bem diferentes dos atuais, por exemplo, a descoberta de tubos de lança-perfumes trazidos do Paraguai. País, aliás, de onde vinham outros produtos de risco: os uísques batizados. Ainda que não tenha sido um grande exemplo de folião, gostava de frequentar os bailes noturnos ao lado de amigos e até hoje me pergunto por que isso foi acabando aos poucos. Uma das explicações: as orquestras ficaram cada vez mais caras, assim como os ornamentos, e as marchinhas foram substituídas por sambas-enredo. A Turma do Funil foi embora! Os próprios clubes, também, entraram em declínio pela diminuição de sócios, e nos resta agora ver e falar sobre o carnaval paulistano, inexplicavelmente melhorando a cada ano. Sinal dos tempos, de ciclos que se abrem e se fecham.  

Roberto Lucato

Ilustração: Freepik        

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