Adivinhe quem vem para jantar
Advinhe quem vem para jantar
Celso Leite
ADMINISTRADOR
CONSULTOR DE EMPRESAS
PROFESSOR E TRADUTOR
JURAMENTADO
Não sei se é defeito do meu cérebro, ou se é porque aprecio muito certas artes, como música e cinema, mas o fato é que facilmente misturo alhos com bugalhos e ligo notícias a filmes e piadas. E o nosso noticiário político-policial (difícil distinguir um do outro) oferece material farto para essas associações.
Quando vi que um ex-presidente bateu na porta de uma embaixada estrangeira, com travesseiro e lençóis embaixo do braço, me lembrei do filme cujo nome “surrupiei” para título do artigo.
Estrelado por Sidney Poitier, Spencer Tracy e Katharine Hepburn, o filme cômico-dramático apresenta uma situação em uma família cujos pais (interpretados por Spencer e Katharine) sempre pregaram para sua única filha o pensamento antirracista, liberal e igualitário. A moça convida seu noivo para um jantar, onde os futuros sogros conhecerão o potencial genro. O noivo, representado pelo fenomenal Sidney Poitier, é o Dr. John Wayde Prentice Jr., um afrodescendente. Rola uma “saia justa”, porque, embora liberais no discurso, os pais da moça temem que o casal e futura prole sejam vítimas de preconceitos.
Talvez os húngaros não estivessem planejando meter a mão em cumbuca, mas Alexandre, o Glande, do alto de seu trono macedônico, queria saber o que o ex-presidente teria ido fazer na embaixada, algo mais ou menos como perguntar o que alguém foi fazer no banheiro.
No clima de polarização patrocinada, diz a mídia que Bolsonaro seria amigo do presidente da Hungria e estaria buscando asilo, diferentemente de Lula, que, quando estava para ser encarcerado após condenações em várias instâncias, não buscou asilo em embaixadas. Ora, isso é outra coisa óbvia: Se Bolsonaro é amigo de Orban, Lula é amigo de Maduro, e qualquer pessoa minimamente pensante quer fugir DA Venezuela, e não PARA a Venezuela. Lula tem muitos defeitos, mas não é burro.
E vale lembrar outro filme famoso: “O Poderoso Chefão”, baseado no livro de Mário Puzo. Nele Puzo escreveu: “Don Corleone tem os juízes no bolso”. Portanto, melhor seguir o conselho dos gângsteres de Hollywood: “Quando os federais estão atrás de você, é melhor você sair da cidade”.