A volta da ensacadora de vento

Quando dedicada meu tempo às coberturas esportivas, apresentando programas de esportes no rádio e na televisão, era comum surgirem polêmicas do nada. Mas existe um clube de futebol em Limeira que, quando não há problemas, sua diretoria os inventa. Era recorrente isso, e melhorou um pouco porque conselheiros e diretores da Velha Guarda, cansados de tudo isso, decidiram abandonar seus postos. O PT não é clube esportivo, mas o raciocínio é o mesmo. Vejam só. Muito embora o presidente Lula esteja recebendo o reconhecimento popular, e isso medido por índices de aprovação, volta e meia ele chama a atenção dos opositores por defesas desnecessárias, ou ataques fora de contexto. Parece que, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, suas comparações diminuíram, como também estão em banho-maria seus afagos a Nicolás Maduro e Daniel Ortega. Lula também parou de reclamar do Palácio da Alvorada, desistiu de tornar semanal seu hábito de promover churrascos, mas agora ele pretende colocar um elefante em uma loja de cristais. Não bastasse ter indicado a ex-presidente Dilma Rousseff a um cobiçado cargo internacional, cujo salário gravita em torno de 300 mil Reais – muito mais do que ganha uma merendeira, se preferisse ser –, agora ele quer que ela, a exemplo dele, seja “descondensada”. Só para lembrar, Lula não foi absolvido dos processos que o levaram ao xilindró. Ele apenas recebeu o benefício de um novo procedimento acusatório, feito por outra instância jurisdicional, mas vamos ao ponto que interessa. Segundo Lula, Dilma, a ensacadora, teria sido “inocentada” pelo TRF-1 sobra as pedaladas fiscais que causaram seu impeachment. Um engano grosseiro, porque o Tribunal apenas manteve o arquivamento da ação, sem julgar se a ex-presidente cometeu ou não o crime. Do ponto de vista jurídico, dizer que Dilma foi inocentada é incorreto. A petista foi condenada, em 2016, na esfera político-partidária sob a acusação de que sua gestão violou a Lei da Responsabilidade Fiscal. Além de distorcer os fatos, Lula quer que a Câmara faça uma reparação moral à ex-presidente. De que jeito? Devolvendo o mandato? O presidente tem mais o que fazer. Voltar a lembrança dos brasileiros da administração dela é tão desnecessário como pode sobrar para o seu mentor. Que não precisa disso, agora.