A selva, agora, é outra
EDITORIAL
Honestamente não sei se isso fez parte de um filme ou se trata apenas de uma história contada de geração em geração. Mas me lembro da cena. De repente, em meio a uma expedição na selva, salta um japonês armado até os dentes para expulsar novos invasores da mata. “Esquecido” pela tropa, ele permaneceu mais de 40 anos sobrevivendo de amoras e outras frutas silvestres, e custa a acreditar que a guerra acabou e que no mundo de hoje, outras guerras estão em curso, novas demandas aconteceram e existe um componente chamado tecnologia que veio para ficar. Pois é isso que está acontecendo em São Paulo, com o surgimento de greves simultâneas em protesto contra privatizações. Obviamente, organizadas e inspiradas com a volta do presidente Lula ao comando da nação e é história antiga. Sindicatos, em essência, não podem ser a favor de qualquer privatização, porque a iniciativa privada é mais enérgica e eficiente. É mais produtiva e presta melhores serviços. E um detalhe: por mais que seja favorável a privatizações em geral, o governador Tarcísio de Freitas não se lançaria a uma aventura dessas se não entendesse, por critérios técnicos, ser essa a melhor solução para São Paulo. Aliás, sobre isso ele falou o seguinte: “Essa turma não respeita nem o Poder Judiciário nem o cidadão. Dizem que são contra as privatizações. Mas quais são as linhas que estão funcionando hoje? Aquelas concedidas à iniciativa privada. Isso mostra que estamos na direção certa, que temos, sim, que estudar (as privatizações)”. Enquanto isso, São Paulo viveu um caos no setor de transportes. A cidade travou, os negócios foram paralisados e como sempre a população mais simples foi a maior atingida. Os líderes sindicais de hoje são iguais ao japonês da selva, pois acham que o mundo é aquele de cinquenta anos atrás, e não é mais. Politicamente, Tarcísio lucrou com isso, pois colocou o tema em definitiva discussão.