A renovação
Ponto Um
Semanas atrás recebi uma mensagem de um grande amigo, hoje um estudioso em assuntos bíblicos. O texto fazia referência a duas passagens, a primeira, o Salmo 22, escrito por Davi, “mil anos antes de Cristo”, que descreve a cruxificação de Jesus: “22:18 – Repartem entre si as minhas vestes, e lançam sortes sobre a minha roupa”. A segunda, o Evangelho de João, Capítulo 19: “Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes, e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; disseram, pois, uns aos outros: não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será”. Meu amigo concluiu: “Iguais a estes versículos temos muitos outros, profecias cumpridas que comprovam a veracidade da Palavra de Deus. A Bíblia foi escrita em 1500 anos, são 66 livros escritos por 40 pessoas diferentes de épocas e regiões diferentes, muitos deles nunca se conheceram ou ouviram falar uns dos outros. Eles escreveram inspirados pelo Espírito Santo, o autor é apenas um, Deus. E tem gente que duvida, fala bobagens, e pior não se interessam ou não lêem a Palavra de Deus”. Esse meu amigo é médico, assim como provavelmente foi o evangelista Lucas, e seguirá em sua missão, abraçada ou amaldiçoada por muitos nestes dois mil anos. Pois, para aquele que crê, a Bíblia é a Palavra Vida, mas nem todos pensam assim. Intelectuais, artistas, políticos e atores do pensamento, principalmente nascidos nos últimos 300 anos, semearam muitas dúvidas sobre a existência de Deus. Não crendo na eternidade, desprezaram a “recompensa” oferecida aos chamados tementes. Para eles, a morte é definitiva, como uma árvore caida no meio da floresta, e como é melhor viver? O mistério do renascimento de Cristo, o fundamento da fé cristã, se renovará neste domingo de Páscoa, e em tempos de tamanhos julgamentos, não me parece a hora para isso. Prefiro refletir sobre os contrastes que o tempo nos oferece, por exemplo, a permanência entre nós de focos de miséria, fome, perseguição, guerras e injustiça. Onde ficou a história de amar o próximo? De dar a outra face? Dois milênios que nos separam de premissas tão básicas e aparentemente continuam difíceis para o homem. Que muitos recebam, mais uma vez, a oportunidade de renovarem a sua fé, suas esperanças e, principalmente, de se reencontrar com as palavras de Deus, confortando corações a cada dia mais aflitos e solitários.
Roberto Lucato
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