A pedagogia no divã

A pedagogia no divã

EDITORIAL

Roberto Motta, engenheiro de formação, escritor e comentarista da TV Jovem Pan, é uma pessoa experiente, inclusive na política, e sensata em seus comentários. Ele possui uma espécie de mantra que, não raramente, coloca entre seus comentários: “nove dicas para os jovens de todas as idades”. Resumidamente ele sugere o seguinte: 1- aprenda a falar inglês; 2- saiba fazer contas; 3- leia muito; 4- aprenda a programar; 5- aprenda a falar em público; 6- gaste menos do que ganha; 7- cuide da mente, do corpo e do espírito; 8- seja persistente e finalmente 9: nunca pare de aprender. Sem dúvida, além de sábios conselhos, revelam traços de modernidade, mas acima de tudo indicam o caminho do aprendizado. E como isso se dá em tempos de tamanha velocidade, quando os mais jovens, por exemplo, ficam ansiosos simplesmente na ausência de sinal da internet ou sem acesso as redes sociais dos smartphones? Vivemos uma época repleta de paradoxos. Nunca, em tempo algum, tivemos tanto acesso à informação como agora. Nunca estivemos a um clique daquilo que acontece no outro lado do mundo. Nunca pudemos ver, em nossas próprias mãos, o que se passa, ao vivo, a quilômetros de distância. Entretanto, possuir a possibilidade informacional não significa que as pessoas consigam formular um método de aprendizado ou conhecimento. Para isso são formados os professores e para isso existe o que conhecemos como pedagogia. Estudar os motivos culturais de uma guerra, por exemplo, requer conhecimento prévio nas nações, de como se formaram, quem as colonizou e quais religiões professam. Esses e outros elementos são fundamentais para uma interpretação mais aproximada dos fatos, entretanto, se Roberto Motta pede estudo, eis que paralelamente se impõe o principal desafio da atualidade: proporcionar a disposição e o interesse para tal. Tive um professor de Direito Constitucional que não dava aulas: ele escrevia a matéria o quadro negro e deixava a sala. Quem gostava disso? Isso tem quase quarenta anos, e hoje, o que temos? A tecnologia e o polêmico ensino à distância. Se os estudiosos da pedagogia não encontrarem um caminho que seja mais moderno, atrativo e palatável, teremos gerações de desinteressados pela frente, que à propósito, continuarão sem saber o que seja uma simples regra de três.

Roberto Lucato

Ilustração: Freepik

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