A “pancada” vem, e rápido

A “pancada” vem, e rápido

EDITORIAL

Congressistas federais estão sempre de olho em duas coisas: nas emendas parlamentares e nos holofotes oferecidos pela imprensa amiga. Dito isso, quem acompanhou ao vivo, na tarde de ontem, a aprovação da reforma tributária, assistiu a um show de populismo e a um vazio matemático absurdo. Os discursos dos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, respectivamente, e do próprio presidente Lula, enalteceram o trabalho das comissões parlamentares, mas o “fez-me-rir”, de verdade, foi oferecido pelo ministro Fernando Haddad e sua cara-metade institucional, Simone Tebet. Haddad elogiou o trabalho de elaboração dos cálculos feito por colegas professores, e dá perfeitamente para imaginar o que ele pediu aos mestres. O que? Que não poupassem esforços para a arrecadação dos governos, principalmente o federal, o que parece ser o único fator visível até agora: o IVA brasileiro, que no Paraguai, por exemplo, é algo que não passa de dez pontos, poderá chegar a impressionante marca de 27%! Porém, o prêmio Pinóquio da tarde ficou nas mãos de Tebet. Vaiada por metade dos presentes, ela observou que a reforma privilegiará as “mulheres pretas e pobres” enquanto permitirá melhor justiça social e distribuição tributária. O que, cara pálida? No ensino fundamental todos já sabem que, na verdade, quem paga o imposto incidente sobre bens e serviços não são aqueles que os oferecem ou produzem. São os consumidores. Ora, se a Dona Maria, na ponta desta equação, quiser trocar a geladeira, por exemplo, algo que em breve será reservado aos “ultra ricos” e não somente aos milionários, terá que bancar impostos ainda maiores do que são praticados hoje. Talvez ela tenha maior sorte com o pão e o leite, mas em todo o resto, não, pior ainda se fumar e gostar de uma cerveja. Portanto, engana-se quem acredita que a reforma será benéfica para os consumidores. Em governos de esquerda, o maior interesse é arrecadar mais para gastar. Talvez os contadores ganhem um alívio, mas por enquanto, é só.

Roberto Lucato

Ilustração: Freepik

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