A memória de Lula
Estamos em 2023 e não mais na década passada ou entre 2002 e 2010, o auge do governo Lula (PT), quando saiu com 80% de aprovação, porém teve que passar o bastão por conta da legislação eleitoral. Tinha completado seu segundo mandato e garantiu que seu candidato, Dilma Rousseff, também petista, fosse eleita e posteriormente reeleita, porém sofrendo impeachment em 2016, por não acatar a tutela do então deputado Eduardo Cunha (PMDB), presidente da Câmara.
De lá para cá muita coisa mudou. Mudanças radicais, como a eleição da extrema direita ao governo federal, com Jair Bolsonaro (PL) que reuniu negacionistas da educação, da ciência, da arte e cultura e protagonizou as maiores aberrações contra o próprio povo e, principalmente, contra o país lá fora.
Vem Lula para seu terceiro mandato, para dar sentido à Nação enquanto Nação. Tem se mostrado capaz, mas ainda está preso ao passado. Ainda preso à primeira década dos anos 2000 e muita coisa mudou. As relações mudaram e ele, urgentemente, precisa deixar esse passado de lado (não sua história) e administrar com os tempos atuais. Ao mesmo tempo em que se mantém fiel à questão ambiental lá fora, aqui dentro está a um passo de permitir exploração de petróleo na Foz do Amazonas.
As suas declarações precisam deixar a polêmica de lado, deixando para trás um tempo que ficou lá atrás. E Lula tem que assumir postura mais relevante perante a Venezuela, Nicarágua. Postura mais dura e dar ultimatos a ambos os países. Não é nada normal o que anda acontecendo por lá. Tivemos um quase exemplo aqui, caso os militares tivessem aderido à aventura Bolsonaro.
Lula de 2023 não pode ser o Lula de 2003 a 2010. Ficar focado em referências que foram importantes, mas estão na história já, é abdicar de uma atualização do seu próprio pensamento. O Lula precisa, urgentemente, se adiantar no tempo e no espaço e lembrar que o que foi bom, pode não ser mais nos tempos atuais.
Seu discurso até se modernizou. Mas suas ideias precisam de reciclagem, para chegar definitivamente a este 2023.