A fonte da concórdia
EDITORIAL
Descrevemos no comentário anterior a saga em que se desenvolveu a reforma da praça João Pompeu, desde a insatisfação dos antigos donos de trailers até as intermináveis obras no canteiro central da Avenida Maria Buzzolin, incluindo o mistério do chafariz. Hoje começaremos por esse ponto, já traçando paralelos. No passado, algumas praças possuíam esse adorno em pleno funcionamento em Limeira, e talvez o principal deles esteja até hoje inativo na praça Luciano Esteves. Seu funcionamento foi retomado parcialmente há mais de uma década, mas, por desinteresse dos administradores locais, caiu no esquecimento. Vale salientar que um chafariz não é apenas um elemento decorativo, pois contribui para aumentar a umidade em seu entorno. Em Serra Negra, por exemplo, todos funcionam normalmente, além do mais recente, construída na réplica da Fontana Di Trevi. Essa obra, entregue faz pouco mais de um ano, custou o equivalente a Pracinha da Maria Buzzolin, aproximadamente pouco mais de um milhão de Reais, e é difícil vê-la sem dezenas de turistas atirando moedinhas ou tirando fotos em qualquer parte do dia. Por sua dependência do turismo, os serra-negrenses se entusiasmam em cada novo investimento; agora, experimentam uma movimentada fase de reformas e ampliações de restaurantes, bares, cafés, sorveterias e padarias. No entorno da Fontana de Serra Negra não há trailers, embora fique a uma quadra da praça central, mas está sempre bem cuidada, incluindo as duas fontes existentes em sua calçada. Dá para encher um galão de dez litros em pouco mais de um minuto em cada bica. A Pracinha João Pompeu, não vamos exagerar, não virou um cartão postal. Sua proposta arquitetônica é fria, racional, pouca inspirada e com a retirada de várias árvores, é uma praça feita para funcionar à noite. E o pior: não foi bem projetada para lidar com o zigue-zague dos consumidores de lanches, sempre correndo riscos de atravessar seus pontos de acesso. A pergunta é: por que um ponto gastronômico semelhante não foi pensado para o Parque da Cidade, por exemplo? Afinal, o entorno da Maria Buzzolin já possui lanchonetes e restaurantes o suficiente. Não daria mais certo mantê-la como um lugar bem arborizado, apenas com pipoqueiros e sorveteiros ambulantes como era no passado? O dinheiro público, portanto, merecer cuidado e atenção, porque dá para fazer “mais com o mesmo”, ou com menos. O imediatismo e a populismo, na maioria das vezes, são o que balizam as decisões, infelizmente uma regra por aqui.
Roberto Lucato