A cruel perseguição sobre a Jovem Pan

A cruel perseguição sobre a Jovem Pan

A Jovem Pan iniciou seus trabalhos quando uma série de emissoras de rádio surgiram em todo o país, em especial no eixo Rio-São Paulo, isso há 80 anos. Mas sua trajetória começaria antes. Em 1931, Paulo Machado de Carvalho adquiriu a Rádio Record e nos primeiros anos de trabalho, ele fez de tudo no rádio: selecionou músicas, arquivou discos e dirigiu programas. Durante a época em que estava na Record, participou da produção do primeiro jornal falado da rádio, comandado por Assis Chateaubriand. Em 1944 adquiriu a Rádio Panamericana, que passou a integrar o Grupo das Emissoras Unidas e em 1965 mudaria seu nome para Jovem Pan. A emissora sempre apresentou dois grandes diferenciais entre seus concorrentes: a forte atuação no jornalismo e no setor esportivo, principalmente nas transmissões de jogos de futebol. Como toda a mídia, ela se reinventou nos últimos anos até conseguir voltar às suas origens, passando a transmitir seus conteúdos simultaneamente no rádio e na TV. Na volta à telinha, porém, o Grupo investiu no jornalismo opinativo, dedicando muito de seu tempo à cobertura do governo Bolsonaro. Não só isso: seus comentaristas assumiram claras posições em defesa da direita, até que, com a eleição de Lula, muitos desses mais radicais perderam seus postos de trabalho. Outros chegaram, a poeira baixou e outros surgiram com viés semelhante. A Jovem Pan seguidamente ganha em audiência do grupo Globo, porque ainda mantém, além de ouvintes e espectadores, pessoas politicamente alinhadas com o seu noticiário. Isso é crime? Isso atenta à democracia? Para o Ministério Público Federal a resposta é sim, pois acaba de ser protocolado um pedido de cancelamento da concessão do grupo Jovem Pan porque a empresa “praticou, ao menos entre janeiro de 2022 e janeiro de 2023, sistemáticos e multifacetados abusos à sua liberdade de radiodifusão”. Segundo o Ministério Público, a Jovem Pan “transmitiu, em seus programas, discursos que minaram a confiança cidadãos e cidadãs do país em seus processos cívicos e na própria importância de preservação de nosso regime democrático”. Diz o MPF: “foram veiculados conteúdos desinformativos sobre o funcionamento de instituições públicas nacionais,  incitatórios à violência e à ruptura do regime democrático brasileiro”. Uma piada de péssimo gosto, criada no ambiente do “amor venceu” e “a democracia ganhou”, enquanto dá boas-vindas ao Foro de São Paulo.

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