Verdades secretas

EDITORIAL

Um recorte divulgado no início da semana chamou a atenção. A gravação teria ocorrido durante uma palestra sobre empreendedorismo feminino. Na plateia não havia apenas mulheres; alguns homens apareciam sentados em modestas cadeiras, entre os quais, o ex-prefeito Mário Botion, bastante atento àquilo que via e ouvia. Obviamente, caso a gravação tenha sido recente como parecia, trata-se apenas de uma curiosidade porque, em meio à pesadas insinuações sobre o descontrole financeiro da cidade, a opinião pública aguarda respostas. Explicações. Em vão. Mário deixou bem claro, principalmente em seus últimos meses no comando do Edifício Prada, o quanto desdenha da opinião de quem não lhe interessa. O quanto a palavra humildade não consta de seu dicionário particular e o quanto, até agora, não se importa se uma lista de desmandos administrativos, incluindo falta de pagamentos, o responsabiliza por isso. Participar de uma palestra não é crime; tomar chá de sumiço também não, mas, curiosamente, alguns traços de sua personalidade parecem ter feito escola. Sob suas ordens, a comunicação institucional da prefeitura sempre o colocou no centro das atenções, principalmente quando se dedicou, em novembro último, a entregar algumas obras no apagar das luzes de seu governo. O atual prefeito parece ter adotado a mesma linha, e isso tem se tornado claro dia após dia. A primeira deixa foi a publicação, via assessoria de imprensa municipal, da indicação de seu “líder” na Câmara, no caso, o vereador Nilton Santos. Essa informação tem interesse particular, e não público como outra, bastante curiosa, registrada ontem, 29. Técnicos do Departamento de Proteção e Bem-estar Animal, diz a nota, resgataram um cachorro da raça pit bull e o encaminharam ao Lar Provisório de Animais. Até aqui nada de mais, a não ser pela informação que Murilo Félix acompanhou pessoalmente todo o trabalho e que ficou “satisfeito” pelo resultado. Por enquanto ele seguirá assim, exibido pelo setor oficial de mídia, e falando o que lhe interessa pelas mídias sociais. Até quando? Talvez por poucos meses.

Roberto Lucato

Ilustração: Arquivo TL