Câmara deve mostrar a que veio
EDITORIAL
Vários episódios ocorridos nos últimos quatro anos demonstraram o quanto a Câmara Municipal de Limeira agia em sintonia com o Edifício Prada. Um deles, a polêmica contabilidade criativa feita pela prefeitura para repassar verbas da secretaria da Educação para a concessionária de transporte público. A Câmara sempre funcionou como um “puxadinho” da prefeitura, e o único registro de rebeldia da casa legislativa ocorreu há poucos meses, às vésperas do início da campanha eleitoral. Como sempre fez, o Imperador Mário I enviou um pedido de alteração do plano diretor para beneficiar a vinda de uma empresa de grande porte na cidade. Digamos que só fosse essa, mas a intenção do alcaide era incluir essa permissão na propaganda de sua candidata a tempo. Como era de se esperar, os vereadores não se recusaram, porém, disseram à Botion que a análise se daria dentro do prazo regimental, o que enfureceu o chefe do Executivo. Ele ficou tão transtornado que começou, imediatamente, a jogar a população contra os vereadores, como que estivessem contra a cidade. Usando seus parceiros de comunicação, descreveu a situação como “negativa” de aprovação, quando na verdade tratava-se apenas do encaminhamento normal para estudos, e não em regime de urgência. Mário fez mais. Antidemocrático como sempre foi, ele demitiu mais de uma dúzia de servidores ligados a vereadores para punir descontentes. Na base da intimidação, venceu essa última batalha, e observa-se que ele deixou guardiões nesta nova legislatura. O presidente Everton Ferreira, que nos últimos dois anos foi a “mão longa” do Imperador, fez um pronunciamento no mínimo curioso ao se referir às dívidas municipais que agora aparecem. Sua interpretação está no portal da Tribuna de Limeira e, quem tenha curiosidade em tomar conhecimento, verá tudo é “explicável”. Só faltou dizer que a comissão criada para a investigação das contas é desnecessária. A Câmara tem obrigação de acompanhar tudo o que virá pela frente, até para minimizar os estragos que fez ao não ler as letrinhas miúdas que o ex-prefeito colocou em todos os seus pedidos.
Roberto Lucato
Ilustração: Câmara Municipal