O “meio peso” do sábado
EDITORIAL
Toda a discussão é colocada em perspectiva enquanto aguarda um certo consenso, e assim é tratada a proposta de alteração dos limites da atividade laboral. Na semana passada tratamos particularmente da questão da velocidade das redes, e hoje abordaremos prós e contras der algo que pode impactar seriamente as relações de trabalho. Porém, é necessário esclarecer a questão das 44 horas semanais e quanto isso impacta a vida de pessoas em situação semelhante ao ex-farmacêutico, hoje vereador no Rio de Janeiro. Na verdade, o 6 x 1, como ficou conhecida a proposta, seria melhor representado se fosse 5,5 x 1,5. Explica-se. Se uma pessoa trabalha oito horas por dia, entre segunda a sexta ela completa 40 horas de trabalho. Portanto, aos sábados, esse trabalhador exerce sua atividade em quatro horas, e não em oito, isso para chegar ao limite de 44. Vamos tratar do sábado, agora. No setor industrial, é muito comum que os chamados colaboradores não trabalhem aos sábados; portanto, eles cumprem uma jornada maior entre segunda a sexta. Salvo por convenções coletivas específicas, eles trabalham “quase” nove horas durante a semana, exatamente para receberem a folga aos sábados; neste caso, a escala é de 5 x 2. Voltado aos limites da quantidade de horas. Parece que seria mais importante não exatamente impor limites de trabalho – regramento já ajustado –, mas oferecer liberdade para quem contrata. Nos Estados Unidos e Austrália, por exemplo, as pessoas ganham por hora, em média. Quando o orçamento está mais apertado, eles trabalham mais; do contrário, se satisfazem com aquilo que produziram. E o melhor para quem emprega, nesses países: a carga tributária e os direitos trabalhistas são totalmente diferentes comparados ao Brasil. Fundo de Garantia, por exemplo, não existe, como também décimo-terceiro. Que vantagem Maria leva? A hora de trabalho é mais bem remunerada. O presidente Lula, durante o G-20 Social, já sinalizou apoio à redução da jornada; como sindicalista fez o que dele se esperava. Porém, trata-se de uma discussão que merece ser tratada com maior profundidade. Reduzir as horas de trabalho para reparar “a saúde mental” dos trabalhadores, impactando o número de contratações, não é bem assim. As oito horas a mais que serão oferecidas para “descanso e lazer”, escrevam, serão preenchidas com bicos, inclusive aos sábados.
Roberto Lucato
Foto: Arquivo Tribuna de Limeira