Transição: caminhos cruzados

Transição: caminhos cruzados

EDITORIAL

Como registrado anteriormente, começa agora a última etapa do calendário político deste ano: a fase de transição de governo. Durante as próximas semanas, analistas e líderes partidários estarão de olho nos passos da futura administração Murilo Félix, que invariavelmente passarão pelo anúncio dos primeiros membros e sua equipe de governo. Neste particular, seu pai, quando referendado nas urnas em seu primeiro mandato, adotou uma estratégia que, em um primeiro momento, deu resultado. Havia um clima de bastante desconfiança contra ele, especialmente vindo das elites sociais e econômicas da cidade. Silvio não era, vamos dizer assim, uma figura lembrada em ocasiões especiais, e talvez nem ele pretendesse o contrário. Portanto, para demonstrar o quanto estava empenhado em oferecer bons sinais desde o início, ele anunciou seu primeiro quarteto de secretários constituído por pessoas bastante conhecidas e de livre trânsito na cidade, não necessariamente representantes de partidos ou coligações. Ele pretendia emitir sinais que, assim como seu vice, Orlando Zovico, permaneceria cioso não exatamente por buscar quadros técnicos, mas sobrenomes conhecidos. Depois deste primeiro momento, ele terminou o trabalho trazendo para Limeira, neste ponto sim, pessoas qualificadas e indicadas por seu antigo partido, o PDT. Elas ocupariam cargos mais técnicos e menos midiáticos, e para demonstrar seu comprometimento com a classe empresarial, ele completou seus primeiros cem dias de governo realizando um evento pomposo como “prestação de contas”. Silvio debruçou-se para manter seus objetivos pessoais, impondo uma linha particular: ele somente dava algum espaço aos mais próximos quando lhe convinha. Não há como negar o êxito de seu primeiro mandato, aprovado por 80% dos eleitores, e pouco a pouco conheceremos as primeiras respostas quanto ao filho, Murilo. Longe de ser um idealista ou alguém sem ideia do que fará, o prefeito eleito é essencialmente técnico, e não parece ter dívidas políticas a pagar. Portanto, exceto por influência do pai, que ocorrerá, ele se colocará em linha com a liberdade para tomar suas primeiras decisões, que certamente passarão pelos novos vereadores eleitos. Digamos, uma análise de riscos. Uma coisa parece certa e vale a pena reforçar: dificilmente ele encontrará problemas com os atuais administradores da cidade, que flagrantemente – e não há nada de errado nisso – o apoiaram. No mais, aos poucos, os pontos de interrogação de hoje se transformarão em respostas amanhã.

Roberto Lucato

Ilustração: Freepik

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