Trump reage na reta final
EDITORIAL
As eleições norte-americanas se aproximam e mais uma vez os chamados “estados pêndulos” se preparam escolher entre o azul e o vermelho. É que, nessas regiões, os colégios eleitorais não estão deliberadamente com este ou aquele candidato. Os delegados, que no final das contas são os que decidem, levam outros fatores em consideração, e não somente as ideologias que sustentam republicanos e democratas. Vale lembrar que, quando eleito, há pouco mais de oito anos, Donald Trump surgiu nas primárias como um azarão. Conhecido nacionalmente por sua fortuna e suas aparições na televisão, Trump levou ao debate político problemas mais contundentes que propriamente os índices macroeconômicos. Ele tratou fortemente da imigração, prometeu levantar muros entre o México e os Estados Unidos, romper vários acordos internacionais e, fundamentalmente, fez um discurso nacionalista para “proteger” os empregos de sua nação. “América em primeiro lugar”, foi o seu lema, que se repete de uma maneira mais tímida, digamos assim. Mas ele foi além. Fez um apelo para chegar à Casa Branca como se os eleitores tivessem a última chance para conduzi-lo ao Salão Oval e parece repetir isso. Até por sua idade mais avançada, se perder, Trump possivelmente se retirará do cenário eleitoral, abrindo espaço para outros seguirem caminho semelhante entre os republicamos. Ao contrário, se vencer, terá todos os meios de construir um sucessor durante sua administração, pelos mesmos motivos. Curiosamente, talvez o mesmo aconteça com Kamala Harris em caso de derrotas. Embora tenha participado de um governo cheio de retrocessos, na política internacional em particular, suas origens e seu identitarismo abriram as portas da vice-presidência, só isso. Como nesta reta final, ela simplesmente foi uma clara opção de última hora. Kamala não tem ideias, parece contaminada pelo rancor; sua contundência, na verdade, expõe sua fraqueza. Mal comparando, não tem nada de “paz e amor”. Ela, um poste ou um cone, teriam as mesmas chances para vencer, incluindo o próprio presidente, jogado antecipadamente às traças. O mundo acompanha com expectativa os próximos passos porque a geopolítica internacional é mais complexa nesses tempos. Trump representaria uma guinada em meio a permanência da guerra na Ucrânia e, especialmente, nos conflitos cada vez mais sangrentos no Orienta Médio. Kamala, será o imprevisível, sequer para manter o atual “status quo”.
Roberto Lucato
Ilustração: Freepik