Fim de feira atinge obras e trânsito, de novo

Fim de feira atinge obras e trânsito, de novo

EDITORIAL

Vamos aos fatos. Primeiramente, o governo imperial de Mário Botion foi reprovado nas urnas. Há quem possa dizer que Érika Tank é quem foi, mas o fato é que para um prefeito que passa quase oito anos administrando uma cidade, com onipresença entre anúncios institucionais, mídias sociais e eventos públicos, o fracasso foi dele. Aliás, Boton colheu, nas urnas, apenas a condição de subserviência de sua vice, algo que o eleitor percebeu nos últimos três anos e lá vai pedra. O segundo fato é que, na administração imperial, nitidamente a secretaria de mobilidade urbana compunha um reinado à parte, ficando este fato muito claro quando verbas da educação foram misteriosamente remanejadas para a concessionária de transporte público. Existem duas explicações para isso: ou o atual secretário, em manobra política instalada desde o início do governo, reivindicou uma espécie de “porteira fechada” para realizar tudo o que quisesse, ou o imperador satisfez-se com uma espécie de comando compartilhado da pasta, em todos – e piores – sentidos. Titular da pasta, Rodrigo Oliveira sempre teve carta branca para fazer o que bem quisesse na secretaria, mesmo quando incorporou à urbe medidas polêmicas, muitas delas, desnecessárias. Por exemplo, algo típico neste governo: o fechamento de passagens em avenidas, sendo as principais a Laranjeiras e Fabrício Vampré. Mas Rodrigo foi o gestor de outros pontos que sempre revoltaram os motoristas, em especial. Por exemplo, o funcionamento dos semáforos. Se estamos há meses sem chuvas, estamos há anos sem registar, um dia sequer, algum problema. Porém, talvez o que mais tenha marcado a atuação do secretário, foi sua extrema arrogância enquanto construía suas determinações. Nunca deu satisfação à opinião pública e, no máximo, para justificar alguma inversão de mão para favorecer algum amigo, a explicação era sempre a mesma: “estudos técnicos é que indicaram”. Assim mesmo, sem estatísticas. Oliveira sempre foi na contramão do interesse dos motoristas, e parte de sua conduta contribuiu para esse caos instalado nas ruas da cidade. Possuímos, cada vez mais, motoristas mais agressivos, motociclistas que trafegam em zigue-zague o tempo todo – encontrá-los esperando um semáforo abrir é mais difícil que achar um trevo de quatro folhas – e absoluta ausência de políticas de educação no trânsito. Esse foi o seu legado. Agora, neste fim de feira em que se transformou a administração municipal, tentamos adivinhar quais serão as próximas obras que atingem, desde já, a Avenida Maria Buzollin. Há uma placa – e não uma explicação pública –, apenas isso, anunciando que se trata de um convênio financeiro para “obras de acessibilidade”. Isso pode ser qualquer coisa, mas está na cara que será algo para atrapalhar, do contrário as intervenções teriam acontecido antes das eleições. Até dezembro segue a feira, bem no finalzinho.

Roberto Lucato

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