2º Turno: migração de votos não é automática

2º Turno: migração de votos não é automática

EDITORIAL

O desempenho das candidaturas de Betinho Neves e Murilo Félix esteve dento do previsto? Há um coelho na cartola que possa beneficiá-los no segundo turno? Para onde devem ir os votos de Érika Tank? Os vereadores eleitos exercerão alguma influência até a votação final? São perguntas que dificilmente podem ser respondidas sem alguma subjetividade, ainda que números possam ser utilizados à título de exemplificação. Neves alcançou quase 60 mil votos enquanto Murilo chegou à casa de 50 mil. Os eleitores de Érika Tank, que ficou pelo caminho, somam 37 mil e aqui reside o primeiro xis da questão. Quem optou pela candidatura situacionista, em tese, preferiu a continuidade dos serviços até então prestados pelo imperador Mário I. Mas não só isso. Muitos eleitores escolherem a vice-prefeita por outros motivos, entre eles, a unção oferecida pelo casal Bolsonaro, mesmo tardia. Um exemplo simplório: alguém confiável disse-me que, até o começo da semana passada, um grupo de mulheres que compõem sua área de trabalho estava sem opção definida; até que, com a aparição de Jair Bolsonaro na campanha, disseram: “se o presidente indicou a Érika, estamos com ele”. Mas existe um terceiro fator: o voto feminino. A vice-prefeita dirigiu suas falas, na maioria das vezes, às mulheres, tentando colar a ideia de proteção, cuidado e respeito. Em função destes três cenários, e talvez de outros não tão importantes, Neves e Félix trabalharão à partir de agora. Em tese, somente isso, será uma missão menos complexa para o líder da eleição em primeiro turno. Em alguma medida, ele esteve envolvido em diversas ações da atual administração, portanto, sua vitória não significaria uma ruptura necessariamente. Quanto a sua ligação com setores da direita, da ala mais conservadora, Neves também não terá dificuldade nesse sentido e quanto ao público feminino, ele tem como vice em sua chapa a médica Dra. Mayra Costa, que pode ser mais explorada do ponto de vista eleitoral neste particular. Do ponto ideológico, Murilo também não terá dificuldades dado à linha do Podemos, porém, ele terá mais problemas em dialogar com eleitores mais satisfeitos. Ele representa mudança, e mudança radical – seu pai também passou por isso. Quanto às eleitoras, um recurso seria encaixar a mãe, Constância, para ajudá-lo a se comunicar com esse público. Não eleita, nem para suplente, a ex-primeira-dama possui um trabalho social para mostrar; oferecendo novamente o seu endosso à candidatura do filho, pode ajudar. Em resumo, se considerarmos que os ausentes continuarão assim, bem como aqueles que decidiram votar em branco ou anularam (cerca de 15 mil), existem votos suficientes no “mercado” para um lado e para o outro. Comunicação eficiente, articulações políticas e bastidores, à partir de agora, consagrarão o próximo prefeito.

Roberto Lucato

Foto: Reprodução portal oficial

 

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