A tríplice coroa

A tríplice coroa

EDITORIAL

No comentário de ontem tratávamos da polarização e seus efeitos, desde a última eleição presidencial até agora, quando essa ideia contaminou a corrida eleitoral na capital paulista. Temos, em São Paulo, um empate tríplice entre Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal, representando respectivamente o centro-direita, a esquerda e a direita radical. Mantido o atual cenário, o candidato que representa o presidente Lula, se alcançar o segundo turno, terá muitas dificuldades para se eleger, seja qual for o adversário. A exemplo do que ocorre neste ano em São Paulo, Limeira também experimentou um empate tríplice. Há exatos 20 anos, José Carlos Pejon, herdeiro do mandato de Pedrinho Kuhl, buscava permanecer no recém inaugurado Paço Municipal. Depois de um ano e meio administrando a cidade, mesmo sem receber maiores gentilezas de Pedrinho, Pejon era um candidato viável, especialmente para superar o candidato Silvio Félix, eleito e cassado seis anos depois. À época, Silvio era um grande ponto de interrogação, especialmente temido pelos eleitores da classe média, mas um golpe de sorte o favoreceria. Em 2004, por pura vaidade, o empresário Lusenrique Quintal não  cedeu aos apelos de Pejon para deixar a disputa, o que seria mais sensato. Simplesmente pelo fato da chamada “lei da fila política”. Pejon já estava no cargo, representava continuidade e oferecia mais segurança; Quintal, caso fosse mais humilde e inteligente, abandonando a disputa teria quatro anos para se preparar e facilmente se transformaria em um candidato mais palatável. A divisão entre os eleitores do centro-direita, entre Quintal e Pejon, favoreceu Félix, que venceu com 40% dos votos porque não havia segundo turno. Aparentemente será esse o cenário que teremos pela frente, por razões semelhantes. De novo na disputa, desta vez representado pelo filho, o prefeito cassado mantém a preferência de 20% do eleitorado.  Concorrendo com Murilo Félix, as candidaturas de Betinho Neves e Érika Tank, disputam os votos da mesma faixa de eleitores: de centro-direita. As pesquisas indicam, atualmente, uma diferença numérica considerável a favor do atual vereador, mas a candidatura da escolhida pelo imperador Mário I não deve ser ignorada. Porque dinheiro não falta, e isso faz uma enorme diferença na reta final. Murilo, a exemplo do que ocorreu na última disputa, caso chegue ao segundo turno, terá a missão de convencer os eleitores do centro para se eleger. Uma tarefa difícil, mais do que teve para superar, à época, o fenômeno Dra. Mayra. Resta saber se receberá acenos, caso chegue lá, o que também, hoje, é mera possibilidade. De qualquer maneira, está razoavelmente claro que os eleitores querem mudança, e distância do atual prefeito.

Roberto Lucato

Ilustração:  Freepik

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