Os domingos jamais serão os mesmos
NA GRANDE ÁREA
A PARTIDA de Silvio Santos para o céu interrompe qualquer outra pauta, qualquer outro assunto ou reflexão. Por isso, tomei a decisão de derrubar a coluna de hoje para traçar paralelos. Inicialmente, o que pode unir a figura deste lendário comunicador com o futebol?
TUDO o que se possa dizer para homenageá-lo não será suficiente para exaltar tantas virtudes, principalmente sua ousadia e, como ele mesmo admitiu, sua intuição. Mas resta a dúvida: Silvio tem a ver com futebol?
SILVIO SANTOS estava além desta paixão nacional, não precisava declarar-se torcedor e tampouco sujou suas mãos para apoiar qualquer tipo de cartola. Silvio – e aqui está a primeira semelhança com o mundo da bola – nasceu para entreter. Afinal, ele não ensinou a “sorrir e cantar”?
FAZ tempo que os brasileiros não assistem mais partidas atraentes e, no caso de alguns clubes, as principais manchetes mais se relacionam com investigações do que o tornozelo inchado de um jogador. E se levarmos esta situação para o selecionado nacional… melhor deixar pra lá.
A SEGUNDA tem a ver com o domingo. Silvio Santos reinou absoluto na televisão brasileira por levar entretenimento exatamente neste dia, quando as famílias desfrutam do merecido descanso semanal. E teve uma longevidade impressionante: minha avô Angelina era fã dele, para se ter uma ideia.
O HOMEM do Baú também foi um gênio ao levar ao palco, às suas colegas de trabalho e telespectadoras, uma fórmula simples e atraente: produzir alegria. Ora, o que temos hoje em dia é um monte de gente infeliz, com sonhos interrompidos e um turbilhão de frustrações para superar.
SILVIO passava por cima de tudo isso. Enquanto brincava com Pedro de Lara, exaltava as formas de Sônia Lima e se divertia com Elke Maravilha, produzia uma torrente de paz, e vejam só, sem as idiotices que a tecnologia digital produz. Com pessoas sem conteúdo, artificiais, fazendo de conta que são felizes enquanto Silvo era só felicidade.
VOLTANDO ao domingo, dia da alegria, trabalhei muito nos finais de semana também. É cansativo. Fazer viagens de 200, as vezes 300 quilômetros para levar emoção aos torcedores de Inter e Galo. Ainda que veja esta temporada de vida como rica em conhecimento, me arrependo profundamente de tê-la suportado.
É CLARO, tive a sorte em ter ao meu lado grandes companheiros, que atenuaram bastante este sofrimento. Porque sempre facilitaram as coisas com muito talento e disciplina. Sem contar o bom humor. Cesar Roberto, por exemplo, é um dos maiores repórteres de campo que já vi em toda a minha vida. Além de ser amigo, humano e gentil, meu querido Arquimedes Tricai sempre foi sensacional.
COM EDMAR Ferreira e meu saudoso amigo João Valdir de Moraes, dividi mais tempo atrás dos microfones esportivos. Sem dúvida estão, também, na primeira prateleira. Portanto, o arrependimento não é por conta dos sensacionais companheiros que passaram o longo desta trajetória, mas sim desta arcaica cidade que jamais valorizou este ou qualquer outro trabalho. Aliás, algo típico de Limeira, achar que todos devem ser voluntários desta terra de ninguém.
DEIXO, portanto, estes registros em homenagem aquele que foi o maior professor de comunicação do Brasil, por ter conseguido esse reconhecimento pela simplicidade conceitual. O Brasil está enlutado neste final de semana.
O ASSUNTO de hoje seria a choradeira de Tite em função do calendário brasileiro. Fez bem o Sindicato dos Atletas em dizer que o treinador, mesmo quando dirigia a seleção, nunca moveu uma palha em favor das necessárias pausas e excesso de competições.
O TEMA é algo como vagabundos no centro de Limeira: não acabará nunca. Com cifras cada vez maiores em patrocínios individuais, além dos ganhos com as competições, os dirigentes estão pouco se lixando com isso. Estamos apenas na metade da temporada e os jogadores estão estourados.
OS MAIORES jogos deste final de semana revelarão isso. Provavelmente Palmeiras x São Paulo e Botafogo e Flamengo exibirão escalações alternativas, e a culpa é o excesso de competições. Mas, o comentário fica para a semana que vem. Ótimo final de semana, amigos!
Roberto Lucato
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