“Au revoir”, Paris!
NA GRANDE ÁREA
É VÁLIDA a discussão se Martha deveria entrar como titular ou não na final contra os Estados Unidos porque, como em tudo o que envolve o futebol, existem dois lados. Porém, cabe ao nosso “Rei Arthur” decidir dentro da proposta que preparou para enfrentar as norte-americanas.
COMO BEM analisou o companheiro José Antonio Encinas, durante o Farol de Limeira, a Espanha foi surpreendida quando teve jogadoras mais rápidas para enfrentar. E a nossa Rainha não pode mais entregar velocidade, restando-lhe seu excepcional talento.
CONQUISTAR o Ouro no futebol feminino, porém, depende de tantos detalhes que um, apenas, não será determinante. Nossas meninas fizeram o mais difícil até agora. Desbancaram as francesas e, na sequência, as campeãs mundiais. Em minha modesta opinião, o que vier será lucro.
MAS, que a melhor do mundo merece encerrar sua carreira na seleção com uma medalha dourada, não há dúvidas.
EFEITO “Rebeca” causa explosão na quantidade de matrículas em escolas de ginástica, em paralelo na venda de roupas desta modalidade. É bom lembrar que os equipamentos de treino são caros e precisam ser instalados em academias mais amplas. O que significa dizer que cursar pode sair caro. Para o brasileiro, é claro.
ATLETAS são movidos à desafios, e o maior deles, para o Comitê Olímpico, seria superar o número der medalhas conquistadas em Tóquio, mas isso não ocorrerá. Isso é sinal de retrocesso? A resposta é não.
VAMOS lembrar que o COB vem melhorando sua participação no dia a dia desses atletas, fornecendo-lhes suporte e melhores condições de treinamento. Mas existe um problema: a demanda de praticantes.
OS JOVENS, quando passam dos 12, 13 anos, vão se aprofundando nos estudos e pensam mais no que serão no futuro. Nesta faixa etária existe uma separação de interesses, e o esporte normalmente é abandonado. Ao menos o competitivo. Por isso nesta etapa é que os treinadores, quando detectam algum talento fora da curva, devem fazer um trabalho juntos aos pais expondo essa possiblidade. E, naturalmente, condições de suporte financeiro, técnico e escolar.
DEVEMOS nos lembrar, sempre, que o esporte não é uma ciência exata, ainda que dependa cada vez mais do suporte científicos para melhorar os aspectos físicos e emocionais dos competidores. Observem a questão do vôlei. Há três décadas era até sem graça acompanhar tantas foram as vezes que o nosso hino era executado nos Jogos.
O TEMPO passou, novas gerações vieram e, sem a mesma qualidade técnica, naufragamos. Oscilamos também na direção técnica, houve a insistência em “nomes”, e não em qualidade de comando e o resultado não poderia ser outro. No masculino, provavelmente nem nas próximas olimpíadas poderemos sonhar com o pódio, exceto se um trabalho específico de renovação começar imediatamente.
O VOLEI de praia também declinou nas últimas décadas, resgatado, ao menos no feminino, com a belíssima campanha de Ana Patrícia e Duda. Aliás, ficou nítido, na final, aspectos que as tornaram merecedoras da medalha dourada. Primeiro, porque superaram adversárias fortíssimas. Isso deve ser levado em conta.
DEPOIS, porque conseguiram enxergar o jogo e tiveram capacidade de buscar alternativas. No segundo set, demoraram. Ana Patrícia exagerou aas “deixadas” e Duda perdeu a confiança nas cortadas. Corrigidas essas falhas, o set decisivo foi um passeio.
ENCERRADO mais um ciclo olímpico, deixo algumas observações. Conquistar uma medalha é muito difícil, porque exige uma longa travessia, semelhante a um jogo de Mario Bros. O atleta, para chegar ao Olimpo, perde muitas “vidas”. Sacrifica sua vida pessoal, sofre lesões – algumas mais sérias –, e submete-se a duas pressões ao mesmo tempo: pessoais e externas. Não é fácil.
NOSSO país, a exemplo do que já acontece com o nosso declinante futebol, ainda não é páreo para estruturas europeias ou asiáticas. Destina os menores recursos para o esporte e fisicamente, nossas estruturas são insuficientes; no fundo possuímos apenas ginásios vandalizados, sem professores.
PORTANTO, os membros de nossa delegação, independentemente de suas colocações, merecem nossos aplausos porque fizeram o melhor. Particularmente seguirei aplaudindo cada um deles.
DESEJO a todos os papais um excelente domingo, que possam desfrutar de momentos de alegria e união. Também de saúde, paz e amor!
Roberto Lucato
Ilustração: Duda e Ana Patricia conquistam a medalha de ouro na final olímpica. Foto: Luiza Moraes/COB