A quermesse de São Benedito

A quermesse de São Benedito

EDITORIAL

Uma pequena faixa esticada entre dois postinhos de iluminação, instalada bem à frente da antiga casa onde morava o Monsenhor Gustavo Mantovanni, ao lado da igreja, informa que neste e no próximo final de semana haverá festa julina esse ano. E escrevo “esse ano” porque, nos anteriores, não me lembro de ter visto o tradicional caminhão-palco fechando a rua que dá acesso às escadarias laterais da igreja de São Benedito. Aliás, neste templo, eu e meus irmãos, depois meu filho, fomos todos batizados. E, se não me falha a memória, deu-se na última festa julina da qual participei meu derradeiro encontro com esse icônico servo de Deus. Ele já estava bem debilitado e sentado em um banco, tendo ao lado de duas senhoras, que lhe auxiliaram a fazer o sinal da cruz depois que pedi sua benção. O antigo “padre Gustavo” não desperdiçou o fato de morar ao lado da igreja e, diariamente, se dirigia à sacristia e se colocava à disposição dos fiéis, queira para ouvir uma confissão, queira para orientar as pessoas mais humildes. Ele foi, sem dúvida alguma, uma das pessoas mais honradas que pisaram nessas terras, merecedor de cada letra que registra o seu nome no viaduto que o perpetuou. Dito isso, e muito em razão dos festejos de julho, faço votos que os candidatos para as próximas eleições respeitem sua memória e não transformem a ocasião em “reality”. É desrespeitoso, muito porque, estrategicamente, as pequenas dimensões do recinto tornam fácil a visualização de qualquer um. À propósito, compareci apenas uma vez na Catedral de NS das Dores exatamente por isso: a invasão de candidatas, especialmente apoiadoras do atual governo, com seus assessores. Pensei: se uma pré-candidata já emprega toda essa gente (não saberia responder quem está pagando essa conta), faça ideia se ocupar uma cadeira no Legislativo! Portanto, humildemente recomendo: caso seja sua intenção comparecer a Matriz de São Benedito, aproveite para observar, como distração, o ridículo dessas personagens. Como chegam a ser folclóricas essas moças e, se tiver coragem de ouvir um “cri-cri-cri”, se arrisque perguntar o que está faltando em Limeira. Exatamente: nada. De qualquer maneira, vale a pena visitar essa festa julina, que custeia a manutenção do prédio e as ações sociais da paróquia. Aproveite para comer um quitute, tomar um quentão e se prepare para passar, em algum momento, pela conhecida vergonha alheia.

Roberto Lucato

Ilustração: Agência Brasil

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