Escolhas

Escolhas

EDITORIAL
Nem deve existir mais, ou talvez tenha mudado de atividade, o fato é que, em um passado não tão distante, uma empresa prometia baratear o custo da comunicação por aparelhos semelhantes a smartphones. Seu nome, Nextel, e ela ofertava uma espécie de “rádios comunicadores”, de fácil manuseio: bastava apertar e falar, soltar e ouvir. Naquela altura do campeonato não existiam planos de telefonia móvel mais acessíveis como temos hoje em dia, e a Nextel deitou e rolou. Seus comerciais de TV eram semelhantes àqueles que hoje exibem profissionais da XP, sempre mostrando pessoas bem-sucedidas, caminhando com passos largos rumo ao desconhecido. O chavão era: “A vida é feita de escolhas!”. A lembrança é pertinente porque dois casos emblemáticos têm consumido o noticiário por conta de “escolhas”. O primeiro e, definitivamente trágico, foi o acidente causado pelo empresário que matou um cidadão com sua Porsche. Aparentemente, depois de tomar umas e outras e gastar além da conta, ele não ouviu sua namorada e saiu “esquentadinho” de uma casa de jogos. Não poderia ter assumido o volante, ao contrário: deveria ter esfriado a cabeça para depois agir. Já o segundo caso, uma escolha mais complexa, colocando o ex-juiz e hoje senador Sérgio Moro mais uma vez no banco dos réus. Apesar da vitória em primeira instância em processos que pediam a cassação de seu mandato, agora ele enfrentará o Conselho Nacional da Magistratura que analisa sua conduta como juiz da Lava Jato. Se tudo ocorrer como o previsto, poderá ser acusado criminalmente. E, em poucos meses, ter seus direitos políticos cassados. Moro poderia estar morando fora do Brasil, trabalhando como consultor em multinacionais e recebendo caminhões de dólares. Porém, ele escolheu seguir uma carreira política, e atua no ambiente que o perseguirá implacavelmente até o fim dos dias. A vida é feita de escolhas, definitivamente.

Roberto Lucato

Ilustração: Freepik

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