Um jogo apenas no início

Um jogo apenas no início

Ponto Um

Entre as décadas de 1960 até 1980, um pouco mais talvez, Limeira viveu anos de prosperidade entre seus clubes de serviço e sociais. Porém, nem todos resistiram à chegada do novo milênio com o mesmo vigor, em parte porque o comportamento de seus sócios mudou, em parte porque as transições de comando foram mal executadas. Ocorrendo bem mais tarde, os anos de pandemia apenas necrosaram as feridas abertas e expostas, mas voltemos à questão sucessória. Quando uma nova liderança entra em campo, com notória disposição e um repertório de ideias – nem sempre boas -, o cenário esperado é composto por ajuda, solidariedade e confiança. Nem sempre, contudo, é o que acontece. Quem deixa um cargo diretivo espera o reconhecimento de seus feitos, quando não uma estátua, e aqui cria-se a primeira armadilha. Quanto mais tempo a liderança demora para se “desapegar”, maiores serão as chances desse personagem atrapalhar um novo período administrativo. Isso vale na política? É uma situação semelhante, mas não igual, que será acompanhada a partir deste final de semana, após o lançamento oficial da pré-candidatura de Érika Tank ao Edifício Prada. Depois de algumas décadas, a corrida sucessória colocará de um lado da disputa um prefeito que cumprirá seus dois mandatos até o fim, tendo obviamente muito para falar e mostrar. Porém, diferente de uma corrida à reeleição, na qual se apresenta uma prestação de contas, transferir feitos e consequentemente votos para para outro quadro político, depende de uma estratégia conjuntural de comunicação. Que indique aos eleitores uma sensação de continuidade administrativa e que, sendo vitoriosa essa proposta, o comando será transferido e não passado por procuração. Érika tem enfrentado muitos problemas desde que ocupa a sala ao lado do gabinete – ela não conseguiu nomear seu principal assessor, para uma pálida ideia -, porém, experiente politicamente, conseguiu jogar dentro das regras – e do espaço – a ela determinadas. Merece, por esse esforço e por sua resignação, ser mais ouvida e respeitada, para não correr o risco de ficar sozinha no momento mais agudo da campanha – episódio vivido por sua saudosa mãe, D. Elza, uma das mais marcantes políticas de Limeira. Terá ao seu lado a companhia do deputado Miguel Lombardi, o que ajuda, mas o tempo dirá se ela estará fortalecida ou ficará relegada a coadjuvante de seus próprios passos, papel que não lhe cabe mais.

Roberto Lucato

Compartilhar esta postagem