Por que “Barroso” em Davos?

Por que “Barroso” em Davos?

EDITORIAL

Uma agência internacional acaba de fazer uma previsão impactante: em menos de dez anos, possivelmente, o planeta conhecerá seus primeiros “trilionários”, entre os quais os donos da Tesla e da Louis Vuitton. Segundo este estudo, baseado em grande parte nas informações da Forbes, nos últimos anos aumentarem – para não dizer “dobraram” em muitos casos – enormemente o patrimônio das pessoas mais ricas do mundo. Isso não se deve, obviamente, apenas ao crescimento de suas empresas, mas às fusões delas com outras companhias rentáveis, como um sujeito que consiga manter três ou quatro empregos para melhorar sua renda. E esse é o ponto: o dia tem apenas 24 horas e é difícil quem consiga dar conta de mais de uma atividade para sobreviver. Mas o anúncio ocorre exatamente por conta da realização do Fórum Econômico de Davos, no qual esses mesmos endinheirados aproveitam para falar negócios, enquanto constroem cenários nos quais se tornarão ainda mais ricos. A pergunta é: o que o ministro Luiz Roberto Barroso está fazendo lá? Não é novidade que ministros do Supremo Tribunal Federal sejam useiros e vezeiros na arte de torrar dinheiro público enquanto viajam para palestrar em todo o mundo, mas Barroso foi chamar a atenção sobre o controle de uso da inteligência artificial “à bem da conservação das democracias”. Fazendo alertas sobre a proliferação de notícias falsas, será que ele achou, de fato, que alguém lhe daria ouvidos? Que os bilionários que lutam para tornarem-se “tri” possuem alguma compaixão quanto ao futuro sustentável do planeta? A Conferência do Clima nem bem acabou e estudos indicam o aumento da produção de petróleo; é para rir ou chorar? Barroso, portanto, fez o que seus colegas de tribunal sempre fazem: politizar. Será que algum deles, um dia, se aventuraria a entrar pela porta correta nesta discussão, disputando um cargo público, e não ganhando um? O TSF continua sendo uma vergonha nacional.

Roberto Lucato

Ilustração: Freepik

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