Radicalismos perigosos
EDITORIAL
Muitas vezes imagino como deve ser a vida de uma pessoa radical. Não deve ter amigos, porque não precisa deles; o radical precisa de adeptos. Pessoas que ajam e pensem como ele. O fanatismo nunca é bom, sequer no futebol. O torcedor que assim age não consegue compreender que os frangos acontecem, os erros de arbitragem também, e principalmente porque algumas equipes são, tecnicamente, melhores que a sua. Vivemos, infelizmente, em tempos radicais, e não exatamente de temperaturas extremas. Milhões de pessoas pelo mundo parecem estar embriagadas pelo poder que aparentam ter na internet. Poder de despertar reações, e essas, para os extremistas, são as que mais lhes agradam. Porque o radical não se interessa pelo que os outros pensam, principalmente argumentam; nada pode sugerir uma leitura diferente dos fatos que avaliam ou defendem. Aqui no Brasil isso ficou relegado à política, e promete recrudescer. Nada indica que posições conservadoras ou progressistas diminuam de intensidade, mas até aí, convenhamos, são opiniões jogadas ao vento que podem produzir eventos pontuais de violência, por enquanto. O problema, atualmente, está no embate entre Hamas e Israel, e nas estratégias que os judeus seguem administrando perante a comunidade internacional. E, pior, nas respostas que vêm sendo dadas principalmente fora do Oriente Médio. Se até algumas semanas não se discutia a obviedade do direito de defesa de Israel, e a total identificação do Hamas como um grupo terrorista, a questão atual é conviver com aquilo que está sendo desenvolvido na faixa de Gaza. Para muitos, uma desproporção de revide que está retirando deste mundo a população palestina civil. Certamente o Hamas tinha um propósito mais profundo nisso tudo, porque por certo saberia como seria a resposta israelense, e este objetivo parece estar sendo alcançado. Mas, lamentavelmente, à custa das vidas inocentes, o Hamas está despertando uma nova fase de antissemitismo que, tomara, para a humanidade, não avance.