Difícil de colar

Difícil de colar

EDITORIAL

Acompanhando o noticiário esportivo matutino do último domingo, um entrevistado falou sobre a participação brasileira nos jogos Pan-Americanos. O objetivo do nosso país será conquistar o segundo lugar na competição, posto alcançado hoje pelo Canadá, mas em dado momento ele se referiu à inédita medalha de prata conquista na modalidade basebol. Logo depois que o âncora do programa fez observações com entusiasmo, veio a explicação um tanto frustrante. Existem países melhores que o nosso na América Latina, como Cuba, Colômbia e Venezuela, mas eles não mandaram aos Jogos seus melhores atletas, pois que eles disputam competições nos Estados Unidos, e são profissionais. Os nossos jogadores são essencialmente amadores, e estão entre eles dentistas, contadores e garis, então o comentarista fez sua derradeira observação sobre o assunto: “É óbvio que uma medalha de prata deve ser comemorada por essa rapaziada, mas a explicação foi essa”. No setor esportivo é assim. Cada nação possui as suas modalidades prediletas, e o futebol, para nós, infelizmente acaba por encobrir outras atividades que poderiam receber mais atenção de prováveis praticantes. Vejo assim o Halloween. De uns anos para cá tem havido um esforço enorme para incorporar o Dia das Bruxas como “efeméride”, e fico me perguntando: isso colará um dia? Nesta terça-feira os portais noticiosos se unirão a muitas lojas para exibirem as tradicionais abóboras e aquelas narigudas e suas vassouras, e até aqui vale a pena a brincadeira. Mas inegavelmente isso não faz parte nem do nosso folclore – poderíamos ter o dia do Saci Pererê, por que não? – tampouco de nossas mais remotas tradições festivas. E mais: esse negócio de doces ou travessuras é para nações civilizadas, nas quais as crianças realmente podem sair em seus bairros tentando assustar alguém. Enfim, o Dia das Bruxas aqui no Brasil é como assistir uma partida de basebol: podermos nos distrair, mas não entendemos nada desse jogo.

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