Capacitismo presidencial
EDITORIAL
Mal a anestesia administrada no presidente Lula fazia efeito, na internet já apareciam números e estatísticas comparando a sua operação. A informação mais contundente foi a que mais de oito mil brasileiros permanecem na fila do SUS aguardando o procedimento feito no presidente, o que soou um pouco leviano. Primeiro porque Lula, como presidente, detém os privilégios do cargo, assim como ministros do STF, senadores e ministros de estado. Ou seja, nenhuma autoridade pública, em Brasília, se submete a uma unidade de pronto atendimento, aquelas que conhecemos como UPAs. Depois porque Lula, ou “sr. Luís”, como o tratam membros der sua família, leva uma vida confortável há anos. Em outras palavras, ficou rico com a política, quer sendo retribuído por seus favorecimentos, quer pelos generosos depósitos feitos à títulos de palestras jamais proferidas. Ou seja, aquele Lula exibido como fotografia do DOPS não existe mais. Portanto não foi “privilégio” a operação: se tivesse, Lula pagaria. O segundo ponto também divulgado pela internet foi que, diferente de aproveitar a anestesia geral para realizar aquele procedimento de nome complexo nos olhos, o que Lula fez de verdade foi uma plástica. Recém-casado, nunca é tarde para parecer mais jovem para a esposa. Agora, o que me pareceu inusitado, foi a enxurrada de críticas e insinuações por suas declarações recentes. Dizendo que não o veriam de muletas ou caminhando com andador, Lula foi acusado de promover o capacitismo. Sobre isso escreveu a senadora Mara Gabrilli, que ficou tetraplégica após um acidente de carro em 1994: “o presidente tem uma visão distorcida e capacitista sobre as pessoas com deficiência; caminhar, seja com andador, muleta ou cadeira de rodas, não enfeia ninguém, tampouco subtrai o potencial do ser humano. E ainda demonstra o quanto essa pessoa deve lutar para conseguir exercer cidadania”. É isso aí. Esse é o novo mundo que o presidente ainda não compreende que está inserido.
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