Recortes e holofotes

Recortes e holofotes

Voltarei a falar sobre a Costa Verde e o que pensam seus moradores em breve, mas tenho que traçar um paralelo dos capítulos finais das CPIs do 8 de Janeiro e do MST, em curso em Brasília. Desde o começo, por suas distintas e declaradas intenções, era certo servirem de palanques tanto para situação como para a oposição – aliás, neste último caso, estranhou o fraquíssimo desempenho dos opositores do governo Lula. E, como em todo o processo de investigação político, os holofotes da imprensa costumam ter maior amperagem quando personagens de altas plumagens ficam na condição de testemunhas ou acusadas. No caso de 8/01, o ponto alto foi a presença do tenente coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, que amparado por decisão judicial, nada falou aos ruidosos parlamentares – que ao final queriam acusá-lo formalmente de “excesso de silêncio”. A estridente relatora Elisiane Gama, porém, ontem teve o seu dia de glória, ao arrancar algumas respostas de outro depoente de grande interesse a senadores e deputados, o general Augusto Heleno. Foi outro show de horrores porque não havia perguntas, e sim ataques velados e diretos à imagem pública do ex-comandante do GSI. Teve um deputado, provavelmente adestrador de cavalos em sua cidade, que não fez outra coisa que não fosse provocar Heleno como uma criança querendo briga no intervalo na escola. Foi deprimente. Como era de se esperar, Heleno teve sua imagem reerguida mais para o final do longo interrogatório, por deputados e senadores alinhados aos militares, mas vale o registro. As CPIs normalmente perdem os seus focos logo no início, e se transformam em campo de guerra, minados e cheios de surpresas. Em tempos de recortes rápidos para internet, é isso o que se quer produzir: insinuações grosseiras, acusações sem provas e, como sempre, sem a resposta do acusado. Mas isso, no universo “Metalula”, pode.

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