O novo 7 de Setembro
Até o padre Tadeu Rosa, pároco e cura da Catedral de N.Sra. das Dores saiu nas fotos da abertura da Semana da Pátria, ocorrida na sexta passada. Passei anos vendo esta solenidade, pois do escritório onde trabalhava, a visão era privilegiada para as escadarias da praça Luciano Esteves. Se não me engano era nessa data em que se recolhiam as bandeiras do Brasil inservíveis; se as queimavam depois, como dizia a lenda, aí eu não sei. Uma vez apenas tive a curiosidade de acompanhar, não de cima, mas do chão, a cerimônia, em regra bem-organizadas. Os militares cumprem bem os seus papéis, todos em ordem unida, quase sempre aguardando a ordem de “descansar”, e depois acontecem os discursos. Os vereadores não recebem convite para falar, tampouco secretários, e assim o prefeito encerra a cerimônia com aplausos efusivos, como se inaugurasse uma obra pública. Observando as fotos deste ano, uma delas publicada no portal da Tribuna de Limeira, fiquei pensando neste “novo” 7 de Setembro. Pode-se gostar ou não do ex-presidente Jair Bolsonaro, até se dizer que a data foi capturada por ele, mas não há como negar: desde a década de 1970, tempos do famoso slogan “Brasil: Ame-o ou Deixe-o”, em tempo algum o patriotismo esteve tão em alta. Antes considerada brega pela maioria da população, a combinação verde e amarelo ganhou as ruas mesmo em tempos de, digamos, não Copa do Mundo. Espera-se que em Brasília, na próxima quinta-feira, esteja nas ruas um contingente de seguranças maior que o preparado para a posse do presidente Lula, segundo o Palácio, “para evitar atos golpistas”. Uma vez escrevi neste mesmo espaço que, os vândalos de 8 de Janeiro, mancharam profundamente as boas intenções de uma maioria que gostou da onda. Uma onda conservadora que falava em pátria, família e liberdade, qual foi o problema? E sublinho: entre defender uma causa e ser um radical existe uma enorme diferença. Os últimos só brigam; os primeiros, conversam. Por receio das canetadas de Alexandre de Moraes, provavelmente a onda verde e amarela, neste ano, ficará em casa. Para sempre? Isso é difícil prever, só dá para acreditar que ficará silente até a abertura da próxima janela de oportunidades.