Dúvidas justificáveis

Dúvidas justificáveis

Tenho refletido bastante, em artigos e anotações, o senso de imediatismo que as redes sociais impõem aos seus usuários. Elas recepcionam, digamos assim, os primeiros impactos diante de um fato, algo que só é possível no jornalismo profissional na cobertura de eventos ao vivo. Por isso não estranhei as suspeitas levantadas sobre a delicada cirurgia a qual se submeteu Fausto Silva no início da semana. E, honestamente, nem recrimino, porque os fatos foram se sobrepondo ao longo das horas, incluindo a informação que o apresentador enfrenta sua enfermidade há meses. E assim vamos lá. Vivemos em um país no qual o ganha-pão de muita gente é passar a perna no outro. A terra do “jeitinho”, de tão disseminado, se transformou no paraíso dos golpistas; o conto do vigário de ontem se transformou no “clique aqui e pague suas dívidas” de hoje, ou seja, a todo o segundo existem falsários em busca do silêncio dos inocentes. Além disso, parte da nossa sociedade – nada desprezível – adora os chamados “barracos”, as notícias falsas e a toda a sorte da vida alheia. No Brasil não há rigor para nada, por isso suspeitar que Faustão tenha furado a fila do transplante não é anormal. Milionário, obviamente ele não pode comprar um coração, e usa seus recursos para submeter-se aos cuidados de equipes médicas conceituadas e está em um dos melhores hospitais do país. Mas por que tão rápido? E os 180 dias de espera? Esse é o ponto positivo desta confusão. Quando alguma figura conhecida tem um problema grave de saúde, a mídia se mobiliza integralmente em torno do assunto, e agora está pautado o transplante de órgãos. E, quanto ao coração e outros órgãos, como doar é um gesto a ser incentivado. E esclarecido. Porque no caso do apresentador, além de possuir um quadro gravíssimo, os protocolos que autorizaram o procedimento são claros e rigorosos, e permanecerão no imaginário coletivo por mais algumas semanas. Isso ajuda. Voltando, para uma sociedade em que faltam doadores de sangue, não raramente, estimular a conscientização sobre a doação de órgãos será sempre algo para não se perder de vista.

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