Prós e contras
Diversos fatores foram determinantes para as eleições presidenciais de 2018. O primeiro e de maior peso, a prisão de Lula e seu consequente impedimento de participar. O segundo, o enfraquecimento de Michel Temer que, até a divulgação do “tem que manter isso, viu?”, fazia um governo de reconstrução econômica após os estragos feitos por Dilma Rousseff. O terceiro, a inesperada adesão a uma candidatura estranha, construída por um militar, defensor da tal “família, pátria e liberdade”, e dono de um perfil machista e truculento. O quarto, uma tentativa de homicídio contra este mesmo candidato, que o tornou uma espécie de mártir de ocasião. O quinto, uma forte rejeição ao PT devido ao impeachment da ex-presidente e da permanência de Lula na prisão. Finalmente, a também inesperada influência das redes sociais para o engajamento de eleitores frustrados e indecisos. Outra lista de fatores contribuiu para a derrota de Jair Bolsonaro em 2022, que cada vez mais se aproxima em se tornar inelegível, mas é inegável que, queira-se ou não, sua presença no imaginário popular ainda é expressiva. Uma espécie de “Elvis não morreu”. Na semana passada, em Porto Alegre, ele causou verdadeiros alvoroços populares e essas manifestações aumentarão consideravelmente após a sua inelegibilidade. Será um novo mártir, desta vez injustiçado e perseguido. Candidatos a herdeiros de seu espólio começam a surgir com força desde já, incluindo a sua própria esposa e nomes como Romeu Zema, Eduardo Leite e Tarcísio de Freitas. É muito cedo? Claro, mas até mesmo entre pessoas apenas visitantes das mídias sociais, não propriamente participantes como no meu caso, é visível o aumento do bolsonarismo. Quer pelo repúdio ao presidente Lula, quer pela aparição de dezenas de perfis apoiadores, o fato é que essa onda promete não acabar tão cedo, mesmo repetitiva como sempre é. E água mola em pedra dura, tanto bate até que pode recriar um antipetismo ainda mais forte. Por enquanto, a salvação do futuro do presidente no qual estão suas pretensões, ainda não reveladas, só tem um caminho: a melhora da economia, algo que ainda consegue ser maior que qualquer tipo de ideologia.