Dilemas econômicos
A Receita Federal acaba de informar que o Brasil já arrecadou, em 2023, quase um trilhão de Reais em impostos. A continuar neste ritmo, nosso país alcançará a extraordinária cifra de 2 bi até o final deste ano, o que obviamente tornará o presidente Lula e seus ministros mais apetitosos para gastar. Os números foram divulgados pouco depois de o presidente Câmara, Arthur Lira, ter manifestado sua intenção de colocar em votação a reforma tributária logo depois do recesso, e a pergunta torna-se obrigatória: a quem ela interessa? Já ouvi muitas opiniões a este respeito, e uma das mais recentes disse que, como está, o projeto dificilmente será aprovado porque interferirá diretamente na arrecadação de estados e municípios, e assim descobrimos a maior beneficiária: a União. Ou seja, para dar certo, o tempo de transição arrecadatória deveria ser mais dilatado, para que não imponha perdas especialmente para as cidades brasileiras, normalmente dependentes da boa vontade dos presidentes de plantão para incrementarem suas receitas. Mas, ainda sobre a arrecadação recorde, o socorro da aritmética básica pode colocar outras dúvidas. Se elas provêm de impostos, taxas e contribuições, será quer a situação econômica do Brasil é tão catastrófica como nos apresentam desde janeiro deste ano? Será que as atividades industriais, comerciais e de prestação de serviços estão mesmo no vermelho? Pense em dois indicadores recentes, o primeiro, que a construção civil está superaquecida em São Paulo – sinal de maior número de empregos e demanda em alta. O segundo: o empurrãozinho do governo no setor automobilístico contribuiu para filas de espera nas concessionárias, de tantos negócios fechados. Então, ou Lula recebeu uma economia estruturada, ou mente. E quando a economia está aquecida, os riscos de inflação aumentam, então fica a pergunta final. Quem de fato está com a razão sobre as taxas de juros, a bilionária Luiza Trajano ou a equipe técnica do Banco Central?