Ideologia, a dúvida (final)

Ideologia, a dúvida (final)

A jornalista Eliane Cantanhede jamais escondeu sua alegria pela condução de Lula ao seu terceiro mandato, como também exibiram largos sorrisos membros da chamada “imprensa tradicional”. É que estes jornalistas, em boa medida, sempre foram paparicados pelos governos de ocasião e hoje em dia, colocados de escanteio pelas mídias sociais, não encontrar “novidades” pela frente já é alguma coisa. E não só isso. Ao tripudiarem sobre um espólio de pontas soltas deixado pelo ex-presidente Jari Bolsonaro, reforçam a quem lhes dê ouvidos o quanto estavam certas suas observações nos últimos dois anos e meio. Porém, neste ambiente “politicamente correto” no qual se fundamentam suas convicções, a resistência a este mundo de Poliana nasceu nesta mesma época. E que fique claro: o antipetismo ou antilulismo não significa apoiar as convicções ou manifestações pessoais do ex-presidente Jair Bolsonaro. Trata-se, em grande parte dos casos, de um conjunto de opiniões até então omitidas devido às imposições estabelecidas pela mídia tradicional, e vamos a um exemplo prático, a questão dos indígenas. Durante a semana, a lembrança do primeiro ano da morte de indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips ganhou enorme repercussão da velha imprensa. A reboque, as questões indígenas nunca receberam tamanho espaço como nos últimos seis meses, e agora pergunto: e quem não está nem aí com isso, erra? Quantos, de fato, acreditam que os índios protegem as florestas? Nem com uma população com o número de habitantes de São Paulo eles conseguiram fazer alguma coisa, e volto a pergunta: quem não acredita nesta situação é bolsonarista? Não tem o direito de pensar de modo diferente? É “terraplanista” por isso? Claro que não, por isso é que um debate maduro se constrói com opiniões distintas, mas que necessariamente não tenham um dono político ou ideológico. Ao contrário do passado, agora existe o contraponto. Defender a causa indígena tem se tornado uma imposição do estado e da velha imprensa, mas, no fundo, é apenas uma pauta que podemos abraçá-la ou não. Como tantas outras que nos são impostas.

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