Relevância por decreto?

Relevância por decreto?

Será tema do meu próximo Ponto Um, a entrevista concedida pela D. Nair Facco ao Farol de Limeira, programa exibido nesta quarta-feira. Na verdade, foi mais que uma entrevista: tratou-se de uma investigação atualizada sobre boa parcela dos aposentados, pensionistas e idosos que frequentam a associação que ela preside, a ATAPIL. Porém, aproveito no comentário de hoje uma das questões que discutimos, na qual abordamos o seguinte: como o idoso se comporta quando é ”cancelado” ou percebe não possuir a mesma relevância no meio em que vive. Em dado momento ela trouxe um exemplo prático, o caso de um pesquisador que, do alto de uma vida centenária – ele tem 102 anos para ser mais preciso, mesma idade que alcançou Oscar Niemayer quando ainda fazia seus rabiscos –, se recusa a ter acompanhantes em sua casa. Ele ainda realiza suas tarefas com regularidade e tem como rotina matinal se exercitar e depois redigir tudo o que fez – e fará – em um computador pessoal. Pensei: será que ele está preocupado com a sua relevância ou apenas quer desfrutar, comandando, seus últimos momentos neste plano? É compreensível este nobre objetivo, ou ele teria que se curvar ao que se espera de uma pessoa desta idade? Ou seja, entregar-se a uma cama confortável enquanto assiste programas pela televisão? Nem ao mar, nem à terra, pois uma de nossas conclusões foi a seguinte: o problema todo se resume em não brigar com o próprio corpo. Com o passar dos anos, a redução da capacidade física é maior que o declínio cognitivo. Ou seja, a mente continua estacionada nos 40 ou 50 anos, enquanto o corpo segue se deteriorando ainda que isso possa ser retardado, mas não totalmente evitado. Mas até aqui, cada um sabe para onde vai o bonde que pegou; grave, mesmo, é quando um idoso, que deveria trabalhar com a sua experiência a favor, teima em ser aquilo não é mais. Trataremos deste personagem amanhã.

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