Hotel Nacional, passado e presente

Hotel Nacional, passado e presente

EDITORIAL

Decidi incluir, na semana de recesso que costumo tirar em setembro, uma visita ao Hotel Nacional do Rio de Janeiro. Entre as décadas de 1970 e 80, meu pai sempre que podia levada seus filhos para passarem alguns dias nesta icônica obra projetada por Oscar Niemayer, construída ao lado da praia de São Conrado. A favela da Rocinha, uma das maiores do Brasil, naquela época recebia seus primeiros moradores, hoje estimados em 70 mil. Artistas de toda a sorte foram os primeiros “habituês” do Nacional, entre os quais Nair Belo, casada com o limeirense Irineu de Souza Francisco, por coincidência amigo de meu pai. Nasceu daí a referência do hotel, como também a frequência no restaurante Tarantella, na época uma das primeiras cantinas a se instalar na Barra da Tijuca quando sua praia se resumia a uma extensa faixa de areia e nada mais. Papai deixou de frequentar o Nacional bem antes de seu fechamento, em 1995, por uma razão muito simples: sua decadência foi se tornando cada vez mais visível, desde a morte de sua proprietária e gestora, à época conhecida apenas como “a viúva”. Seus netos não perderam tempo e trataram de dilapidar o patrimônio herdado em pouco tempo, e o hotel não resistiu a tantas excentricidades. Em 2016, porém, aconteceu a reinauguração do Hotel Nacional, com rumores que pertenceria a rede Meliá. Sem me aprofundar muito no assunto, deixei que suas memórias continuassem no lugar certo, ou seja, no passado, até que uma dessas promoções irresistíveis orientaram meus dedos a clicarem em um site de reservas bastante conhecido, e cravei a opção. Na época, como acontece quase em todos os anos, costumo visitar Paraty, um dos destinos de nossa lua-de-mel, ocorrida há exatos 28 anos. E assim, não me custaria muito seguir até o Rio e ver como ficou o Nacional após a reabertura. Confesso que voltar ao Rio, dirigindo, depois de tanto tempo, me causou uma certa apreensão. A Barra, hoje, é praticamente uma cidade autônoma, repleta de shoppings e condomínios de luxo. E, após a construção do Parque Olímpico para 2014, a malha viária ficou ainda mais sofisticada. Nada que aplicativos de trânsito não entendam. Chegamos à Cidade Maoarilhosa na tarde de uma sexta-feira. O céu estava nublado e quando me aproximei de São Conrado algumas lágrimas escorreram dos olhos. Chegamos exatamente às 17 horas e lá estava ele: o Hotel Nacional, imponente como sempre foi. Porém… Vamos deixar as impressões e comparações para o comentário de amanhã.

Roberto Lucato

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