INSS: fraudes caem no esquecimento
EDITORIAL
Pesquisa rápida: quando compra um produto por quilo, embalado em uma bandeja, você presta atenção somente no valor total? Quando faz uma compra à prestação, se importa em saber o quanto de juros estará pagando e quanto sairá sua compra no final? Ao conferir seus extratos bancários, se preocupa em conferir todos os lançamentos ou apenas os débitos mais expressivos? No supermercado, faz compras por impulso ou mantém na memória, ou em uma pequena lista, aquilo que deve comprar? Quando faz manutenção em sua casa, opta em sanar todos os problemas ou faz uma escala de prioridades, entre urgentes e “pode esperar”? Finalmente, ao comprar um medicamento, escolhe sempre a mesma farmácia ou pesquisa entre aquelas que oferecem ofertas? Bem, a depender de suas respostas, sua vida financeira pode ser mais confortável ou não, mas a questão não é somente essa, e a pergunta é: estamos dispostos a enriquecer quem se aproveita de nossa confiança, vendendo apenas uma boa imagem e não exatamente aquilo que estamos dispostos a pagar por um preço justo? O dinheiro está cada vez mais curto. Portanto, cada Real economizado faz diferença no final do mês. Imagine, então, enquanto você faz toda essa ginástica, se alguém invadiu sua conta bancária e surrupiou 10, 15 ou 20% daquilo é que é seu por direito, no caso de um pagamento de pensão ou aposentadoria. Você estaria satisfeito apenas em ser ressarcido por aquilo que lhe fora subtraído ou, além disso, gostaria de saber que estes estelionatários serão rigorosamente punidos pela lei, ao menos para deixarem de cometer esse tipo de crime por algum tempo? Desde sexta-feira, dia 11, o INSS começou a cadastrar aposentados que foram roubados por ordem de solicitação via aplicativo. Quem chegar primeiro terá prioridade na devolução, porém, se a associação estelionatária discutir a contratação de um débito associativo, isso terá que ser decidido administrativamente. Ou seja, mais uma vez, o brasileiro comum, a vítima comum, terá que comprovar que é honesta e, na melhor das hipóteses, que foi “induzida a erro”, o que é crime. Enquanto o noticiário não parece ter outro assunto, se não Trump, Lula e Bolsonaro, começou a peregrinação de milhões de pessoas roubadas em busca de terem de volta todos os Reais economizados em farmácias, supermercados etc. Enquanto, dos bandidos à solta, ninguém fala mais nada.
Roberto Lucato
Foto: Agência Brasil