CPIs não assustam mais
EDITORIAL
Com o passar dos anos – e quem atua no jornalismo comprova esse fato –, as chamadas “Comissões Parlamentares de Inquérito” não colocam mais medo em ninguém. Exceto para empresários e pessoas envolvidas com superfaturamento e outras mutretas, como se dizia antigamente, essas comissões, via de regra, são passarelas por onde desfilam políticos atrás de seus minutos de fama. Ou, o que é pior, gente interessada em vender facilidades para os problemas que podem causar. A CPI da Covid, por exemplo, foi importantíssima naquela altura do campeonato, mas ficou longe de ser conclusiva: os parlamentares “apenas” apontaram incongruências entre recomendações científicas em contraposição com as diretrizes do governo federal. Portanto, atualmente, essas comissões servem apenas para dar um “calorzinho” nesse ou naquele personagem, e por isso foi bastante curiosa a decisão da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI das Bets. Ela acaba de pedir, em seu parecer, o indiciamento de 16 pessoas por envolvimento em práticas ilegais relacionadas a apostas esportivas. A votação é prevista para essa quinta-feira, 12. Segundo repostagem do jornal O Globo, “entre os nomes citados estão as influenciadoras Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra, além da advogada e ex-BBB Adélia de Jesus Soares”. De acordo com o texto, informa a reportagem, elas teriam cometido crimes como lavagem de dinheiro, integração de organização criminosa e estelionato. Não faz muito tempo, Gustavo Lima também foi alvo de investigações e, como era de se esperar, não deu em nada, como não dará para Virgínia – hoje apresentadora em alta no SBT – e demais “influenciadoras”. Mas, se algo der errado, essas personagens poderão passar por algum tipo de investigação na qual seja possível conhecer suas explicações de como conseguem cifras milionárias. Mas deve ser assim: aconselhando incautos a comprarem as futilidades o que divulgam e, o que é muito pior: torrar o patrimônio em apostas. Se esse país fosse sério, só isso seria suficiente para interromper as atividades das donzelas.
Roberto Lucato
Ilustração: Freepik