Conflito de interesses

Conflito de interesses

EDITORIAL

Ribeirão Preto é conhecida como Califonia Paulista muito em função dos imensos canaviais que emergem de suas cercanias há muitos anos. Muitos donos de usinas de açúcar e álcool se enriqueceram durante todo esse tempo não por aquilo que saia de suas de suas caldeiras, mas por ajudas governamentais quando se apresentavam como “quebrados”. Foi sempre assim. Com o surgimento do etanol, tendo como os irmãos Fittipaldi seus “garotos propaganda” – na verdade eles eram interessados por suco, não por açúcar –, os usineiros simulavam ampliações de plantas e falências a uma velocidade compatível com aquela empregada pelos pilotos. Como acontecia com frequência, esses magnatas colocavam “laranjas” para se responsabilizar por suas “falências” enquanto construíam impérios no setor imobiliário. E assim a cidade foi ganhando fama e hoje sobrevivem da “Califórnia” pouco mais de seiscentas mil pessoas, que precisam percorrer mais de quinhentos quilômetros se quiserem tomar um solzinho na praia. Cumprindo agenda familiar, voltei a terra do Dr. Sócrates neste final de semana com direito a atestar que o chope do Pinguim continua extraordinário, porém, ver “in loco” que um mero churrasquinho custa inacreditáveis R$ 80,00. Seguindo recomendações dos recepcionistas do hotel, meus deslocamentos se deram apenas por motoristas de aplicativo. Segundo eles, depois que a guarda municipal foi equiparada a “polícia militar”, seus agentes se transformaram em uma espécie de “boinas verdes”. As blitzes de trânsito não tinham mais dia, horário ou lugar, naturalmente com o recém promovidos agentes procedendo como cães perdigueiros. Recentes decisões do STF – sempre ele – permitiram que os municípios entregassem aos GCMs funções de policiamento ostensivo, alterando o status de guardas patrimoniais, como estabelecido na Constituição. Pelo fato que este tema ainda não foi regulamentado por uma PEC, os juízes estaduais estão barrando a medida, com toda a razão. O prefeito da Capital paulista foi o primeiro a requerer o novo status, parece que o de Limeira também, mas a pergunta é: alguém já estabeleceu cadeias de hierarquia para essa futura convivência? Caberá ao Estado fazer isso, uma vez que nem todos os prefeitos possam aderir? Policiais Militares e Guardas Municipais poderão cumprir as mesmas tarefas? Isso trará, em curto ou médio prazo, mais segurança para a população? Há estudos sobre isso? Como de costume, as aflições mais urgentes do eleitorado são “resolvidas” sem os devidos estudos técnicos, apenas políticos. Como dizem os mais jovens, vai dar” ruim” isso aí. Amanhã, mais uma reflexão sobre a passagem por Ribeirão Preto.

Roberto Lucato

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